Debate sobre Educação no Campo aponta desafios para o Projeto MOVA-Brasil

Formacao_Continuada_MOVA_070814 (1)

Rubineusa do MST/PE

O terceiro dia da Formação de Coordenação de Polo foi marcado pelas participações de dois representantes do setor de educação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra: Rubineusa do MST/PE e Adilson do MST/PI.

No primeiro momento, Rubineusa e Adilson Apaim falaram sobre os avanços e desafios do MST, desde a criação do setor de educação, em 1987. Trajetória marcada por muitas lutas e conquistas para garantir o direito à educação acerca, na época, de 90% dos integrantes do Movimento, que não sabiam ler e escrever.

Rubineusa destacou a negação do direito à educação no campo, especialmente, à educação de jovens e adultos. Ela iniciou sua abordagem recitando a música da educação do MST, cujo refrão é: «Sempre é tempo de aprender, sempre é tempo de ensinar!». Segundo a educadora, às vezes, chega-se a 90% os analfabetos na base do MST.

Ela criticou a fragmentação na oferta de EJA e falou sobre uma importante conquista. “Nós conseguimos construir agora a EJA na educação básica: os anos iniciais da alfabetização até a quinta série; os anos finais: até o 9° ano e o ensino médio, com a mesma metodologia.”

Formacao_Continuada_MOVA_070814 (6)

Adilson Apaim, MST/PI

Adilson ressaltou a necessidade do conhecimento na luta pela transformação social e citou José Martir: ”O conhecimento liberta e a falta dele nos escraviza.” Segundo ele, desde o início do MST, em 1985, foi necessário definir uma proposta de educação ideológica e o ambiente educador para uma prática libertadora. Ele encerrou com as principais frentes de luta do MST: produção genética, a questão hídrica, soberania alimentar e combate à exploração. E tudo isso só é possível com a participação da educação como espaço de construção de conhecimento.

Reflexão sobre o Projeto Eco Político-Pedagógico (PEPP) dos Polos, com a participação de Paulo Roberto Padilha

Formacao_Continuada_MOVA_070814 (14)

Paulo Roberto Padilha, diretor pedagógico do IPF

A presença do diretor pedagógico, doutor em Currículo e Planejamento dialógico, do Instituto Paulo Freire (IPF), animou e contribuiu para esclarecer e motivar ainda mais os participantes na tarefa de alfabetizar jovens, adultos e idosos, levando-se em conta a leitura, a escrita, a politização e a amorosidade, componentes indispensáveis para uma educação libertadora.

Após a apresentação de cada Projeto Eco-Político-Pedagógico (PEPP) dos 10 polos, o diretor do IPF, Paulo Padilha, fez algumas reflexões e considerações fundamentais para aprimorar o conteúdo e o formato desses projetos. Foram intervenções por meio de análises e da música, descontraindo e animando os participantes. No início, ele citou dois grandes pensadores: Vygotsky: “A arte é a técnica social da emoção” e Wallon: “A emoção é a base da inteligência”, articulando cognição e emoção em sua abordagem.

Padilha chamou a atenção para a necessidade de ampliar a utilização de outras linguagens, além da verbal. Como contribuição, sugeriu que nos PEPPs houvesse mais o registro dos sonhos e das utopias das pessoas que participaram da construção, mais imagens, mais poemas, mais ludicidade, reforçando a importância da afetividade no processo educacional. Ele destacou a qualidade dos PEPPs e das apresentações, a compreensão de todos sobre as concepções e a metodologia do MOVA-Brasil, baseada em Paulo Freire. Parabenizou a todas e todos por essa difícil e complexa construção.