Com o objetivo de socializar, refletir e debater sobre a metodologia baseada nas formulações teóricas do educador Paulo Freire, a equipe do Memorial do Projeto MOVA-Brasil promoveu um curso de Metodologia, no período de 1º de outubro a 3 de dezembro de 2014, na sede do Instituto Paulo Freire, em São Paulo.
O curso, destinado a educadores populares vinculados a diferentes movimentos sociais que trabalham com educação, desenvolveu diferentes temáticas no sentido de subsidiar o trabalho realizado em sala de aula, na perspectiva de uma educação emancipadora, que trata o educando como sujeito dotado de saberes, e o conhecimento educacional como uma construção individual e coletiva inserida num determinado contexto sociocultural, mediada pelo educador.
Foram 10 encontros com muita leitura, reflexão, debate sobre a conjuntura da educação de jovens, adultos e idosos; educação popular; método Paulo Freire; estratégias de leitura e escrita; etnomatemática; mobilização social; avaliação; possibilidades de reinvenção do legado de Paulo freire e projeto de intervenção.
No último encontro, no dia 3 de dezembro, os participantes apresentaram seus respectivos projetos de intervenção, como parte da carga horária do curso, que foram analisados e comentados pelas mediadoras: Alessandra Rodrigues, Simone Lee e Sônia Couto.
Foram apresentados 8 projetos de intervenção sobre diferentes temáticas:
- Projeto “Mãos na massa” (formação sobre trabalho com cordel)
Autores: Carmem Fátima de Jesus Araújo Lisboa e Rodrigo de Macedo França
- Projeto de formação em educação em direito nas Febens
Autor: Adriano Galvão Dias Resende
- Projeto de alfabetização para crianças com dificuldades de aprendizagem
Autora: Cristhiene de Oliveira Melo
- Projeto “Vida e obra de Carolina” – sobre a obra “Quarto de Despejo” de Carolina Maria de Jesus
Autora: Martha Esthela Santos Silva e Márcia Cristina Mariano
- Projeto sobre a importância da cultura
Autoras: Laura Serrano Huerta, Nadja Barros Soares Xavier da Silva e Olinda da Silva dos Santos
- Círculo de Cultura no “É de Lei” – centro de convivência que atua na redução de danos sociais e à saúde associados ao uso de drogas
Autores: Caique Almeida Benedetti, Patrício Gomes Moreira e Pedro Henrique Soares Castanho Correa
- Projeto de alfabetização de jovens, adultos e idosos “MOVA Macambira” – Jardim Brasília (SP)
Autora: Luana Cunha Bhering
- Projeto de Educação Popular em Direitos Humanos com grupo GLBTT*
Autoras: Sabrina Abbas e Renata Regina Alves da Roza
Por meio de Círculos de Cultura, exposições dialogadas entre o mediador e participantes, trabalhos em grupo e debates coletivos, as 27 pessoas inscritas puderam conhecer e aprofundar mais seus conhecimentos sobre a metodologia desenvolvida pelo Projeto MOVA-Brasil e vislumbrar possibilidades de adequá-la aos seus locais de atuação profissional, na perspectiva de ampliação do exercício da cidadania e da transformação social.
Os fragmentos a seguir revelam um pouco da repercussão do curso entre os participantes:
“Consciência política. Construção histórica da realidade. Desafios da educação.”
“Debates políticos, posições ideológicas e há sempre senso crítico na qual sempre devemos ter a argumentação dos slides, sobre as ideias de culturas.”
“Aprender o processo de levantamento de dados da realidade da comunidade, que será inserida no processo ou movimento de aprendizagem e, principalmente, conhecer, se possível, as habilidades especificas de cada educando, e sua visão de mundo.”
“Quebra do distanciamento entre educador e educando feito pelo acolhimento e escuta. Tornar o indivíduo capaz de buscar o diálogo no processo de educação, quebrando com a lógica bancária.”
“Além de desmistificar Piaget, nos explica Emília Ferreiro e dá exemplos da forma como podemos trabalhar as fases e as hipóteses dos educandos.”
“Aprofundou a ideia da etnomatemática.”
“O debate trouxe dimensões práticas da articulação social: a importância da FUP (Federação Única dos Petroleiros) no desenvolvimento do MOVA.”
“Esclarecimento e reflexão da avaliação para a pedagogia freiriana.”
“Acho que todos os encontros são muito interessantes e quero cada vez mais conhecer o mundo Paulo Freire.”
“Sem hipocrisias, mas todos os encontros, no meu caso, são uma aprendizagem, em todos os sentidos.”