Diversidade cultural representada nas aulas inaugurais do Polo Alagoas

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Mariano, da Comunidade Jacintinho (Núcleo Maceió) falou sobre sua história de vida e superação de desafios para estar hoje, aos 62 anos, na Universidade Federal de Alagoas, cursando pedagogia.

No último dia 15 de junho tiveram início as aulas do Projeto MOVA-Brasil – Polo Alagoas. As aulas inaugurais deram um tom muito especial ao momento, sinalizando na comunidade a importância do Projeto e do envolvimento de todos, dos educandos aos parceiros locais.

A expectativa dos alfabetizandos em iniciar as aulas era visível, assim como o desejo de aprender a ler e escrever; e podemos destacar a importante participação dos parceiros, que tanto somam no objetivo de mobilizar e fortalecer vozes até então silenciadas.

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O livro “Histórias de Vida dos Educandos e Educandas do Projeto MOVA-Brasil” teve seu lançamento durante as aulas inaugurais.

As aulas inaugurais nas turmas contaram com uma apresentação sobre o Projeto e seus objetivos para os presentes, assim como deu oportunidade para o lançamento da publicação referente às Histórias de Vidas dos educandos. O livro “Histórias de Vida dos Educandos e Educandas do Projeto MOVA-Brasil” se mostrou um ótimo recurso para explicar aos presentes a metodologia do Projeto e motivar os educandos a escreverem e reescreverem suas trajetórias.

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Mestre Biu puxando o “Guerreiro” no Núcleo Anadia.

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Em Anadia, município onde o Projeto reúne 11 turmas, tivemos um grande destaque para a cultura local com a apresentação do “Guerreiro”, liderado pelo mestre Biu e os Bandos da Tapera, representação cultural mais antiga da cidade. Osvaldo Chagas, Secretário de Educação do Município, destacou seu total apoio e disponibilidade ao Projeto.

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A Comunidade Quilombola Muquem, de União dos Palmares, faz parte do Nucleo Maceió.

A comunidade do Jacintinho, na periferia de Maceió, contou com a presença de um convidado especial – Mariano Alves. Um educando da EJA que só hoje, aos 62 anos de idade, conseguiu chegar à sala de aula da Universidade Federal de Alagoas, cursando Pedagogia. Em sua fala, destacou as muitas interrupções na escolarização que teve que fazer por motivo de trabalho, e sua emocionante fala encorajou ainda mais os educandos que estavam em seu primeiro dia de aula:

“Quando estava pegando gosto e deslumbrado com o aprendizado, tinha que parar para poder acompanhar minha família. Meu pai era administrador de usina e tinha sempre que estar mudando de lugar à procura de melhores condições de vida e o estudo ficava sempre para depois”.

“Mesmo com todos os desafios enfrentados, vi que valeu a pena. Não foi fácil entrar na Universidade, mas ainda está sendo muito difícil manter-se lá. Sou funcionário público e durante o dia estudo. Para dar conta dos estudos, chego a dormir 3h da manhã, mas está valendo à pena, concluiu”.

Em São Luiz do Quitunde, onde a maioria das turmas estão localizadas no campo, o destaque foi a importância do trabalho coletivo, da solidariedade e harmonia entre todos, reconhecendo valores igualmente. A partilha foi feita com alimentos saudáveis, vindos do campo e plantados pelos próprios educandos e educadores, como bolo de milho, suco natural, paçoca, pipoca caseira, munguzar e outros pratos típicos. Em sua fala, a coordenadora local Vanilda Vanderley, militante do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), destacou que o MOVA é um Projeto de transformação social, cultural, ambiental, política e econômica.

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A sala de União dos Palmares foi caracterizada com adornos e artesanatos que remetiam à cultura afro, numa referência ao mais famoso quilombo da história brasileira.

O Núcleo de Maceió (Movimentando Saberes), caracterizado pela diversidade cultural em sua composição, teve como destaque a cultura afro nas comunidades quilombolas atendidas. Em União dos Palmares, sede do quilombo mais conhecido do Brasil, a sala de aula estava caracterizada com artigos típicos da comunidade (artesanato), havendo ainda uma apresentação cultural de dança afro, para dar as boas-vindas aos presentes.

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É nesses momentos que é possível perceber a credibilidade do Projeto, através do envolvimento de educadores e educadoras se expandindo até as suas comunidades.


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