A Festa Comunitária Cidadã é um símbolo de socialização e partilha dos saberes vivenciados na Leitura do Mundo na comunidade. Desde o momento da socialização e planejamento da atividade em sala, com a apresentação dos seus objetivos e finalidade, há um envolvimento de educandos e educadores que leva à reflexão e ao reconhecimento da importância da participação de cada envolvido. É um rico e imprescindível momento da tradução da realidade em forma de dramatizações, paródias e desenhos, entre outros, compartilhando o entendimento de que compreender a realidade é condição para transformar o mundo.
Esses momentos estão sendo vivenciados na prática pelo Polo Alagoas nas diversas comunidades atendidas, e uma delas é a comunidade quilombola Muquém, em União dos Palmares. Logo após a atividade de saída a campo foi realizada a Festa Comunitária Cidadã com a participação não só de educandos, como também da comunidade. A atividade foi realizada no galpão do artesanato, espaço de socialização de cultura.
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Entre os pontos positivos existentes na comunidade ganharam destaque os trabalhos manuais com barro, bordados, dança afro e o samba de coco. Este último teve origem na edificação das casas de taipa, onde homens e mulheres tinham funções definidas, com as mulheres encarregadas de pisar o barro até ficar no ponto e os homens de levantar as paredes. Durante esse momento de trabalho pesado encontravam um espaço para suavizar cantarolando trechos que hoje levam a dança: “pisa o barro minha gente, que a casa vamos tapar”. A partir daí surgiu a dança, que une crianças, jovens, adultos e idosos.
Também ganhou destaque a Jaqueira, árvore centenária situada no centro do povoado e serviu de abrigo para as famílias durante a cheia de 2011, que deixou boa parte comunidade submersa — somente os que subiram nela conseguiram se salvar.
Participaram ainda desse momento artesãs como D. Benedita Nunes da Silva, que mostrou a importância do artesanato com panelas de barro, que servem de sustento para muitas famílias. A educanda Cinara Bezerra Nunes também destacou em sua fala a importância dos elementos que identificam a cultura quilombola, como a dança, afirmando:
“As pessoas ficam criticando que é dança da macumba, mas essa é a nossa raiz”.
Além desses pontos, também foram lembrados alguns aspectos que incomodam a comunidade e precisam de ações de mobilização social para melhoria. O meio ambiente foi um deles, e abordou-se a formação de lixões nos arredores da comunidade, resultado da falta de conhecimento de seus males e da importância de seu tratamento.
Para as educadoras Ana Beatriz Bezerra da Silva e Bruna Nunes da Silva, que estão em sua primeira experiência de trabalho, a avaliação foi a de que no início da atividade houve uma resistência da turma em sair a campo, com queixas quanto às limitações de saúde, mas depois do resgate de sua importância todos participaram, avaliando como foi proveitosa no retorno.
“Ficamos surpresas como conseguimos mobilizar a comunidade para participar da Festa Comunitária Cidadã. Convidamos parceiros e a própria comunidade para juntos refletirmos sobre nossos avanços e no que ainda precisamos avançar”, afirmaram as educadoras.
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