No dia 5 de setembro, foi realizado o 5º Encontro do Curso de Educação Popular em Direitos Humanos. O tema tratado foram as Diretrizes Nacionais sobre os Direitos Humanos e o debate girou em torno de três diferentes projetos que disputam à temática: o projeto das entidades religiosas ligadas ao cristianismo, o projeto de sociedade sob o jugo do liberalismo e o projeto de filiação marxista.
O curso reforçou a ideia que a luta pelos Direitos Humanos está estreitamente relacionada ao projeto de sociedade que se almeja construir, numa via de mão dupla e numa relação de interdependência. Por um lado, o projeto de sociedade garante um conjunto de Direitos Humanos fundamentais para sua sustentação; por outro, esses direitos caracterizam o tipo de sociedade.
Foi um momento de reflexão rica e produtiva sobre essas diferentes possibilidades de efetivação das propostas de Direitos Humanos relacionadas às práticas educacionais desenvolvidas na sociedade contemporânea com seus avanços e retrocessos, e sua história de negação de direitos fundamentais à maioria da população.
É possível perceber um pouco dessas reflexões nos trechos a seguir.
“Na nossa perspectiva exige-se vivenciar a mudança de valores como cooperação, igualdade, justiça; o que significa a mudança de cultura. Podemos romper com o capitalismo, mas precisamos dos Direitos Humanos para que tenhamos o direito de pensar e agir diferente, desde que não prejudique e desrespeite ao outro.” (Fran Pini – Diretora Pedagógica do IPF)
“Acho essa reflexão fundamental, Fran! Porque romper com a lógica do sistema capitalista; não garante, necessariamente, a superação dessas relações desumanas. Haja vista o que ocorreu na União Soviética, após a Revolução Bolchevique.” (Luiz Marine – Coordenador Pedagógico Nacional)
“É importante que nosso projeto de sociedade e de educação sejam construídos a partir de princípios ético-político-pedagógicos e libertadores. Este é um outro eixo das Diretrizes de Direitos Humanos.” (Dilene Gonzaga – Coordenadora Pedagógica Nacional)
“Sem educação e conscientização não há como libertar um povo da opressão.” (Maria Oliveira – Polo Minas Gerais)
Por fim, as pessoas participantes reconheceram os avanços conquistados e deram sugestões de como continuar o trabalho de alfabetização articulando os Direitos Humanos e o processo de aquisição dos conhecimentos matemáticos, da leitura e da escrita.
“Estamos vivenciando um momento de conquistas. Há exemplo, as diretrizes operacionais da educação do campo foi um destes avanços alcançados recentemente.” (Dalila Calisto – Polo Maranhão)
“Temos que lembrar que, o acesso aos conteúdos universais e/ou sistematizados é tão importante quanto um círculo de cultura e debate na sala de aula, pois é um direito que todo educando tem; ter acesso a esses conteúdos, só que de forma contextualizada.” (Dalila Calisto – Polo Maranhão)
Como avaliação geral do encontro, podemos afirmar que, apesar dos avanços conquistados, os desafios são grandes para que as questões do humano sejam garantidas como direito para todas e todos. E, para isso, a educação tem um papel essencial.