Educação popular do Brasil e de Angola em atividade autogestionada no FSM

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José Genivaldo da Silva, representante da FUP, na mesa de diálogo “Educação de Jovens e Adultos e direitos dos povos”

Na atividade autogestionada realizada na Casa Brasil, de 27/03/2015 no contexto do Fórum Social Mundial, Geanne Campos, representando o Projeto MOVA-Brasil, e Angelo Kapwatcha, pelo Fórum Regional para o Desenvolvimento de Angola, apresentaram as experiências de educação popular dos dois países, sob o tema Educação de Jovens e Adultos e direitos dos povos. Além dos dois representantes, também compuseram a mesa de diálogo: José Barbosa (Petrobras) e José Genivaldo da Silva (Federação Única dos Petroleiros). A coordenação foi de Luiz Marine (Instituto Paulo Freire).

Barbosa abordou a atuação da Petrobras na área social e a importância da companhia para os brasileiros. Ele enfatizou a necessidade do Projeto MOVA-Brasil no combate ao analfabetismo no país como forma de incluir milhares de pessoas na sociedade por meio da educação.

“Durante esses 11 anos o MOVA-Brasil alfabetizou milhares de pessoas nos estados do Brasil, principalmente na região nordeste, contribuindo para que essa parcela da população exerça melhor sua cidadania aprendendo a ler e escrever.

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Mesa de diálogo “Educação de Jovens e Adultos e direitos dos povos”

Silva destacou a mudança de atuação da FUP, que além das lutas por melhores salários e condições de trabalho, passou a incorporar a luta social contra o analfabetismo por meio da parceria no Projeto MOVA-Brasil.

“Depois de muitos debates sobre o papel do movimento sindical e para superar o caráter assistencialistas de algumas organizações de trabalhadores, a FUP decidiu contribuir diretamente com a situação do analfabetismo em nível nacional atuando como parceira do Instituto Paulo Freire e da Petrobras no Projeto MOVA-Brasil.”

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Geanne Campos

Geanne abordou o trabalho de inclusão social do MOVA-Brasil de comunidades quilombolas, ribeirinhas, assentados, vazanteiros, pessoas sob medidas socioeducativas, do sistema prisional; e destacou problemas étnico-raciais e de gênero, bastante presentes entre essas populações. Ela também enfatizou o trabalho que o MOVA desenvolve sobre as questões de sustentabilidade do Planeta com a elaboração e execução do Projeto Eco-Político-Pedagógico, bem como a importância da fundamentação teórico-metodológica com base no educador Paulo Freire.

“Com o passar das gerações, inverteu-se a relação entre homens e mulheres analfabetos/as. A proporção de homens analfabetos supera a das mulheres em todos os grupos de idade, com exceção da faixa etária igual ou superior a 50 anos. Isso reflete a histórica exclusão das mulheres do sistema educacional. Antes, elas acessavam menos a escola. A partir do momento em que se universalizou o ensino, elas passaram a ser as maiores beneficiadas nos mais variados indicadores educacionais utilizados, e com a alfabetização não é diferente”, afirmou Geanne.

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Angelo Kapwatcha

Angelo fez um breve histórico de Angola, desde a colonização portuguesa, que durou cinco séculos, e só depois de 400 anos, o povo angolano começou a ter direito à educação. Ele abordou problemas e avanços da educação de Angola durantes esses 100 anos e destacou a matrícula de 9 milhões de crianças nas escolas de um país com 25 milhões de habitantes, bem como a mobilização que tem havido para a educação superar o caráter formal e descontextualizado e passar a trabalhar com a realidade dos educandos, fazendo dialogar os conhecimentos e a realidade locais com os saberes acumulados e sistematizados pela humanidade e a realidade global.

“No final da guerra no país tínhamos apenas 1% da população alfabetizada. Hoje temos 38% da população analfabeta, os demais foram alfabetizados na escola da guerra, da intolerância. A população se alfabetizou a partir de questões tais como: 2 bomba + 8 bombas = 10 bombas, X mortos… Temos uma escola descontextualizada, veículo da injustiça social, precisamos acabar com o obscurantismo e criar um homem novo.”

Após as apresentações, o público participou com perguntas e intervenções, dialogando com os integrantes da mesa sobre os temas abordados: papel do Estado, da sociedade civil, das parcerias e direitos dos povos.

A atividade ocorreu das 9 horas às 12h30 e contou com o serviço de tradução simultânea, de fundamental importância para as pessoas de países que não falam português presentes na atividade e que solicitaram o aparelho de tradução. Cerca de 50 pessoas estiveram no local, e 44 assinaram a lista de presença.

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