Equipes de polos participam de atividade estendida do FSM 2015 – Tunísia

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(Da esq. p/ dir.) Moacir Gadotti (IPF), Roberto da Silva (FE-USP) e Terezinha Vicente (FMML).

Simultaneamente ao Fórum Social Mundial 2015, que acontece até 28 de março, na Tunísia, muitas outras atividades estão ocorrendo em diversos espaços.

Na manhã do dia 25/03, o Instituto Paulo Freire realizou, em sua sede, em São Paulo, a atividade estendida “A Educação e a construção da Democracia Participativa” com dois momentos importantes que integraram as equipes do Projeto MOVA-Brasil, nos 11 estados, aos participantes e discussões que estavam acontecendo na Tunísia.

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Participantes da atividade estendida realizada no IPF assistem à transmissão ao vivo, da Tunísia.

Primeiro momento

O primeiro momento foi a transmissão ao vivo, da Tunísia, da mesa temática “Democracias: novas estratégias de participação popular para o empoderamento da sociedade civil.” Dentre as representações, a mesa teve a participação de Olívio Dutra, apresentando a experiência do Orçamento Participativo em Porto Alegre (RS) e refletindo sobre os limites da democracia representativa, e a construção da democracia direta pela mobilização e participação popular. Para Olívio, o orçamento público deve ser peça de discussão política e não apenas tarefa de técnicos. O povo precisa discutir as necessidades, quais serão os gastos, mas também a fonte dos recursos. Comentou ainda que a democracia no Brasil tem um marco civilizatório importante, mas para ser efetiva precisa de participação ativa e não apenas episódica nas eleições dos governos, evitando assim, o favorecimento à corrupção.

Outra participação brasileira de destaque nesta discussão temática foi a de Letícia Cardoso, do Movimento Passe Livre, que refletiu sobre a crescente ocupação e manifestações nas ruas no Brasil, e a luta pelo direito à cidade. Letícia falou sobre a posição do movimento que defende o transporte público como direito transversal, pois promove o acesso a outros direitos que devem ser assegurados a todos os cidadãos, como o de ir à escola.

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Debatedores da atividade estendida: (da esq. p/ dir.) Moacir Gadotti (IPF), Roberto da Silva (FE-USP) e Terezinha Vicente (FMML).

Segundo momento

O segundo momento foi a mesa de debate realizada no Brasil, tendo como debatedores Moacir Gadotti (FME/IPF), Terezinha Vicente (Ciranda e Fórum Mundial de Mídia Livre), e como coordenador, Roberto da Silva (FE-USP), que fez uma introdução. Ele apresentou problematizações feitas pelos participantes presentes e pelos internautas sobre a efetividade da participação popular nas transformações sociais, o fortalecimento da participação popular nos territórios e a articulação da democracia direta e representativa. Na oportunidade, relacionou as manifestações que culminaram na “Primavera Árabe” com as recentes manifestações que têm ocupado as ruas no Brasil.

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Professor Moacir Gadotti (IPF)

O professor Moacir Gadotti comentou as recentes manifestações, destacando que a disputa central no Brasil pelo direito à participação passa pela experiência tensa da democracia. Acredita que já temos espaços democráticos consolidados no país, mas que são constantemente ameaçados, como no caso da tentativa de anular o decreto presidencial que criou a Política Nacional de Participação Popular. “A escola cidadã também é um espaço para este exercício da democracia. No passado tecnicista, em tempos de ditadura, a escola rejeitou o debate político”, disse. Defende que este debate da construção democrática precisa começar na escola. Discutir o país que queremos começa pela discussão da educação que queremos.

Em sua fala, Terezinha apoiou que o povo vá às ruas para se manifestar. Porém, contestou a fonte de informação que as pessoas acessam para se organizar e ir às ruas. O rádio e a televisão são ainda o principal meio de informação da população brasileira. “É difícil construir uma democracia participativa quando as pessoas só tem acesso a um lado da história”.

A grande mídia concorre constantemente com a educação. Na sua versão dos fatos banaliza a imagem da mulher, espetaculariza as tragédias, as guerras, a violência, e incentiva o consumo. No Brasil, os canais de mídia livre ainda são perseguidos e como reação está sendo criado o Fórum Mundial de Mídia Livre.

Durante a atividade aconteceram várias contribuições dos participantes interagindo com os debatedores. Francisca Pini, diretora pedagógica do IPF, acompanhou o debate e falou que considera inconcluso o processo de transição democrática vivido no Brasil, mesmo tendo eleito um governo de esquerda. É permanente a necessidade de formação política e de participação social para a construção efetiva da democracia participativa, tendo como base de sustentação os movimentos sociais.

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Leitura de perguntas, comentários, contribuições enviadas pelas equipes dos polos do MOVA-Brasil

Padilha comentou ainda que a educação está fragilizada desde a educação infantil à academia. É tarefa de todos cooperar para melhorar esta realidade, superar as práticas conservadoras, mistificadas e buscar acolher a opinião do outro construindo uma educação emancipadora. “Garantir o direito do outro é também defender o direito à fala, mesmo quando temos posições divergentes, pois só a partir da fala e da escuta é que se constrói o diálogo.”

Para as equipes de Polo que integram o Projeto MOVA-Brasil participar como internautas da atividade estendida foi um importante espaço de formação, atualização sobre os temas e construção de trocas e aprendizados.

No dia 27/03 foi realizada, no contexto do FSM, uma mesa de diálogo com o tema “Educação de Jovens e Adultos e direitos dos Povos”, na qual foi apresentada a experiência do Projeto MOVA-Brasil.