O livro “História de Vida” teve seu lançamento realizado durante a Formação.
De 08 a 12 de junho, o Polo Maranhão realizou a Formação Inicial de monitores e coordenadores locais do Projeto MOVA-Brasil, na zona rural de Timon (MA).
No período da manhã do primeiro dia foram encaminhadas as questões técnico-administrativas de contratação, como o recebimento dos documentos pessoais e a realização do exame médico ocupacional.
Na parte da tarde, aconteceu a abertura do encontro, que se iniciou com uma mística e, em seguida, a apresentação de todos os participantes numa ciranda. Logo após, foi realizada uma apresentação dialogada sobre os objetivos e metas do Projeto MOVA-Brasil 7ª etapa.
José Josivaldo relatou a luta do Movimento dos Atingidos por Barragens e sua relação com a educação.
O segundo dia (09/06) se iniciou com uma análise da conjuntura geopolítica abordando conjuntamente a luta dos atingidos por barragens, com a participação de José Josivaldo, militante da Coordenação Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) o e articulador social do Projeto, que ressaltou a importância política e pedagógica da Educação em Paulo Freire:
“O educador deve ser, sobretudo, um grande lutador contra todas as opressões cometidas. Paulo Freire vai sempre nos dizer isso. Ele tem que saber cativar, convencer a cada dia. O educando tem consciência da vida, mas não tem consciência de classe, e alfabetizar também é fazer a luta política, porque além de aprender a ler o educando aprenderá também a discernir qual a sua tarefa política diante da vida”
Segundo dia de Formação.
A seguir foi organizado um Círculo de cultura para debater o significado da Educação Popular como um instrumento que possibilita mobilizar, organizar e capacitar o povo; com a explicitação do que é Leitura do Mundo e como se dá o processo metodológico no contexto da alfabetização sucedendo a discussão inicial.
Após as explanações os participantes se reuniram em grupos para realizar uma oficina sobre o Estudo da Realidade local por meio da representação de um mapa com recortes de imagens. Ao retornar a plenária, cada grupo se apresentou destacando a realidade do seu município no que diz respeito aos aspectos político, social, cultural, socioeconômico e socioambiental. Entre os principais pontos discutidos com relação à realidade dos municípios de Timon, Parnarama, Matões e São Francisco do Maranhão (que farão parte do Projeto nesta etapa), destaca-se, de modo geral:
- Dimensão Social: Observou-se que o ensino fundamental funciona, em sua maioria, com turmas multisseriadas, ocorrem fechamentos de muitas escolas e o transporte escolar em muitas delas ainda é no carro pau de arara; que existe um alto número de famílias sem moradia e o serviço de transporte público é precário (geralmente só uma empresa comanda os serviços); e que em muitas comunidades não há postos de saúde nem agente comunitário de saúde. A maioria das comunidades que possui energia elétrica a utiliza apenas para consumo doméstico, não servindo para a produção, além de casos em que a luz elétrica sequer existe.
- Dimensão Cultural: Existe forte expressão das diversas manifestações culturais tradicionais, como bumba meu boi, festas juninas, reisados, divindades, dança baião, culto ao divino e festa do cuscuz, além de forte presença de traços de misticismo como superstições ou crendices populares e sincretismo religioso (candomblé, umbanda, catolicismo e um aumento significativo de igrejas evangélicas).
- Dimensão Política: Predomina o monopólio político, com apenas duas famílias se revezando no poder municipal. O modo de organização das famílias é principalmente via associações e sindicatos, e nos últimos anos o MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) tem iniciado a sua base organizativa na região.
- Dimensão Socioeconômica: Todas as regiões possuem um alto potencial produtivo, com destaque para a extração do coco babaçu e do buriti; agricultura (plantação de mandioca, milho, arroz, feijão etc); pecuária e expansão do comércio.
- Dimensão Socioambiental: Abordou-se o desmatamento (derrubada ilegal da madeira); a instalação de projetos do capital (como a empresa Suzano Celulose) e a falta de saneamento básico (municípios sem esgoto e falta de tratamento adequado da água em muitas comunidades). Todas as cidades mencionadas fazem parte da bacia do Rio Parnaíba.
Para finalizar o estudo sobre a Leitura do Mundo foi realizada outra oficina tratando do 2º passo do Estudo da Realidade e Leitura do Mundo, a saída a campo. A atividade foi realizada no entorno do Hotel Fazenda, no Povoado Batalha.
A saída a campo é fundamental para o Estudo da realidade.
Os dias posteriores da Formação deram continuidade aos demais pontos da pauta, como:
- Realização de oficinas pedagógicas sobre oralidade, leitura, escrita e etnomatemática com base nos estudos de Maria Aparecida Damasceno Netto de Matos, Sírio Possenti, Emília Ferreiro, Magda Soares e Ubiratan D’ Ambrósio.
- Realização da oficina sobre a concepção de Avaliação do Projeto, com fundamento nos estudos de Cipriano Luckesi.
- Estudo sobre o fluxo e o acompanhamento do processo pedagógico.
- Oficina formativa I em diálogo com os temas transversais do Projeto (Equidade de gênero e questões étnico-raciais).
- Oficina formativa II sobre a problemática da Água e energia.
- Construção do planejamento semanal.
No encerramento da Formação foi realizada a Mística Final que convidou todos a refletir sobre “o que fazer individual e coletivo; isto é, o desafio que todos terão adiante e o quanto isto nos torna; além de educadores, seres militantes de uma causa — a Educação Popular”.
A Mística se iniciou com a leitura do poema “Resolução”, de Bertold Brecht e foi finalizada com a apreciação da música “Coração Civil”, de Milton Nascimento.
Mística de encerramento da Formação.