IX Encontro Internacional do Fórum Paulo Freire acontece de 17 a 20 de setembro, na Itália

De 17 a 20 de setembro acontece na cidade de Turim, na Itália, o IX Encontro Internacional do Fórum Paulo Freire.

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17/09/2014 – Palestra de abertura: Por uma Educação Emancipadora – Silvia Manfredi – IPF Itália e Moacir Gadotti – IPF Brasil

O primeiro dia do Encontro, (17/09), que reúne aproximadamente 400 participantes, foi aberto pelo representante do Grupo Abbele – um dos organizadores do Fórum, junto com o Instituto Paulo Freire Itália – enfatizou a importância do Encontro para a Itália, que atualmente vive um processo de individualismo e está muito distante da pedagogia da esperança.

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Ângela Antunes, diretora Pedagógica do IPF Brasil  e Silvia Manfredi do IPF Itália.

Na palestra de abertura “Por uma Educação Emancipadora”, Silvia Manfredi (IPF Itália) acolheu os presentes e relatou que foram muitas as dificuldades enfrentadas para realizar o Encontro, por isso, a importância cultural, política e econômica do Grupo Abbele para este Fórum, que tem três objetivos:

  • Difundir a obra de Paulo Freire.
  • Socializar e divulgar experiências que tem a obra de Paulo Freire como referência.
  • Assegurar a voz da nossa indignação.

Silvia ressaltou que as novas formas de pobreza no mundo globalizado se expressam pela perda dos direitos sociais conquistados pelas gerações anteriores. Sublimar as experiências que tem enfrentado este mundo globalizado, são experiências deste Fórum.

O presidente de honra do IPF Brasil, Moacir Gadotti, iniciou sua saudação lembrando que a tese principal da Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire enfatiza que “se a educação não é emancipadora o sonho do oprimido é o de ser opressor”.

Gadotti explicou que o neoliberalismo mercantilizou a educação e tem dificultado a estreita relação entre a teoria e a prática, que é transformadora e engaja para um exercício pela cidadania, a qual tem uma perspectiva emancipadora.

Paulo Freire dizia que para o educador, a educação precisa ser política, pois ela porta nela mesma um projeto de sociedade, contra as injustiças, ou em favor do mundo globalizado. “Lutamos por um outro mundo possível, pois o mundo que está se tornou impossível para a humanidade”, disse Eduardo Galeano, no Fórum Social Mundial, em 2005, lembrou Gadotti.

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No período da tarde, ainda no primeiro dia do Encontro, durante um aprofundamento temático sobre “Enfrentar problemas locais promovendo a participação cidadã”, Francisca Pini abordou Paulo Freire na década de 60, na articulação com o Movimento de Base e com o Movimento de Cultura Popular, os quais estavam tensionando por uma educação libertadora para todo o país. Neste período, Paulo Freire teve sua maior experiência de alfabetização em Angicos/RN, e tornou-se reconhecido mundialmente por conta da sua epistemologia do conhecimento.

A ditadura civil militar interrompeu todas as reformas de base no Brasil, sendo as mais importantes, a educação e a reforma agrária.

Outro tema abordado, foi o neoliberalismo na América Latina entre os anos de 1980 e 1990, o qual provocou privatização de vários órgãos públicos, incentivando o individualismo, a competição, o desemprego em massa e a redução do estado com gastos sociais.

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Da direita para esquerda, Francisca Pini, Silvia Manfredi e Moacir Gadotti.

Este movimento enfraqueceu o estado social, e o Brasil não conseguiu alcançar na prática os direitos conquistados, do ponto de vista jurídico. Neste processo, os movimentos sociais comprometidos com o enfrentamento da questão social, que se manifesta pela contradição do capital e do trabalho, se redimensionaram para permanecerem na agenda política tensionando o estado por direitos sociais, pois as clássicas formas organizativas se esgotaram pela própria dinâmica da sociedade.

Deste modo, pensar em Paulo Freire na atualidade é reafirmar o compromisso político com a causa dos oprimidos pelo sistema capitalista e formular novas formas de lutas que provoquem mudanças nas estruturas sociais.

O Instituto Paulo Freire atua neste cenário com diferentes ações que favorece a ampliação da participação democrática dos sujeitos políticos. O orçamento participativo têm promovido firmações que provoquem nas pessoas condições para atuarem nos municípios e possam educar os governos no processo político.