Parceria MOVA-Brasil e MAB realiza Encontro Estadual de Educandos no Maranhão

1620545_10203041971518186_3462067993716899879_n

Mara Cruz/ FUP (Comitê Gestor) na mesa de abertura.

O Polo Maranhão realizou no dia 19 de Novembro a IV Edição do Encontro Estadual de Educandos e Educandas do Projeto MOVA-Brasil, no Centro de Convivência do Idoso, na cidade de Parnarama/MA.

A temática central do Encontro foi “A violação histórica dos Direitos Humanos e a luta dos atingidos por barragens” e contou com a participação de 65 pessoas, dentre As quais,educadores, dirigentes sindicais, secretarias municipais, representante do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), representante da FUP (Federação Única dos Petroleiros), presidentes de associações, coordenação pedagógica nacional do Projeto e 30 educandos (as).

DSCN0238

Para dar início às atividades, foi realizada uma mística, com o poema “Apenas povo”, de Fabiano Vitoriano(MAB/Altamira), ao som de violão. Na sequência, os representantes de cada segmento foram convidados a compor a mesa de abertura. A assistente pedagógica, Dalila Calisto, disse que era um momento de muita alegria e emoção por estar realizando o Encontro Estadual em Parnarama.

O educando do núcleo Parnarama, Henrique Ribeiro, representando os educandos do polo. Ele destacou a importância do Projeto MOVA-Brasil ter chegado este ano em sua comunidade e do quanto se sente feliz hoje em ter aprendido a ler e a escrever o seu próprio nome:

“Antes, quando eu não sabia ler, eu não enxergava direito, parecia que eu tinha uma pasta na minha visão. Esse Projeto, ele fala muito sobre a cidadania, faz a gente se enxergar como um cidadão, todo mundo, qualquer pessoa pode ser um cidadão. A educação é uma casa que cabe todo mundo. A alfabetização, para mim, é como uma janela desta casa e agora que eu já posso enxergar aonde posso chegar, eu não vou parar nunca mais.”

Gilvânia Madeira, representante da Secretaria DSCN0219Municipal de Educação de Parnarama, falou da importância do MOVA-Brasil para o município, e que atualmente não há oferta de EJA em Parnarama. No entanto, a partir da reivindicação do Projeto MOVA-Brasil e do MAB, a Secretaria de Educação do Município firmou o compromisso de instalar as novas turmas de EJA, garantindo a continuidade dos estudos dos jovens, adultos e idosos.

Houve também as falas da secretária municipal de assistência social, Ana Paula Casé; das dirigentes dos Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Timon e de Parnarama, Leudimar de Sousa e Antonia Barros; do educador e militante do MAB, José Alves; da monitora e representante da comunidade Quilombola Brejo de São Félix, Maria José dos Santos; da coordenadora pedagógica nacional, Claudilene Gonzaga, e da representante da FUP e do Comitê Gestor do Mova-Brasil, Mara Cruz.

Em seguida, aconteceu o Círculo de Cultura, com o tema “Os Caminhos da Educação Popular e as lutas sociais”, sob a mediação de José Alves. Para conduzir este momento, foram convidados educandos; representantes de cada núcleo; Maria da Conceição Oliveira e Nilo de Oliveira, ambos do município de Timon, e Henrique Ribeiro, de Parnarama. José Alves trouxe algumas palavras norteadoras do debate sobre a Educação Popular e a luta pela garantia de direitos. Entre elas: utopia, emancipação, humanização e ousadia. Para ele:

“Como é possível se libertar da condição de analfabeto? Ler o mundo e ler a palavra, para intervir no mundo com a sua palavra, essa é a nossa tarefa enquanto sujeitos. Quando você é analfabeto, você tem poucos caminhos. Não é que depois de alfabetizado, você deixa de enfrentar dificuldades, mas, é que agora você sabe como sair das dificuldades, como enfrentá-las com clareza. Uma das coisas que faz o sujeito se emancipar, conquistar a sua autonomia é a capacidade de articular a linguagem, a capacidade de comunicar, de exigir o que lhe é de direito. E nós, enquanto MAB, temos experiência nisso. Muitas vezes, o governo ou a empresa, tem toda a aparelhagem e, às vezes o único instrumento que o atingido tem para se manifestar é a palavra. Mas, na maioria das vezes, uma grande parte destes não tem essa palavra, a autonomia para reivindicar porque lhes foi também negado o direito de exigir”

Na sequência, os educandos, representantes de cada núcleo, relataram as principais reivindicações de direitos apontados pela sua comunidade e município, como também, compartilharam um pouco da experiência vivenciada nesta etapa, nas salas de aula, com a chegada do MOVA-Brasil. Dentre esses depoimentos, merece destaque o de Maria da Conceição Oliveira:

“Convidava os amigos e parentes, e eles diziam ter vergonha de ir para a escola. E eu dizia a eles: Vergonha? Vergonha de quê?! Vergonha faz não saber, não saber ler e escrever, mas ir para a sala de aula aprender não é vergonha pra ninguém. É por isto que eu estou aqui e sei que posso me apresentar em qualquer lugar sem ter vergonha de nada.”

Houve também a leitura da carta do 1º Encontro Estadual de Educandos e Educandas do Polo Maranhão, que traz um pouco de como foi a construção dos encontros locais, regionais e estadual, e das propostas elaboradas nas 19 comunidades atendidas pelo projeto, que teve como base as discussões dos eixos temáticos: Educação, Saúde, Água, Energia, Acesso à Terra e ao Crédito para a produção, estradas e moradia.

DSCN0254Para aprofundar e validar as reivindicações e propostas apontadas no documento, foram formados três grupos para debater as questões, e em seguida, apresentá-las. Após a validação, o Projeto MOVA-Brasil, o MAB e as demais organizações da sociedade civil presentes sugeriram que fosse articulado uma audiência com o poder público nas esferas municipais e/ou estadual, para apresentação da pauta de reivindicação dos educandos e educandas do Polo Maranhão.

Para encerrar o Encontro, a participação do Grupo de Capoeira Estilo Brasileiro, do município de Parnarama, que abrilhantou ainda mais a festa, e todos juntos cantaram a música “Negro Nagô” em alusão à Semana da Consciência Negra.