Polo Ceará realiza 4º Encontro Estadual de Educandas e Educandos

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No dia 12 de novembro, a equipe do Polo Ceará realizou a 4ª edição do Encontro Estadual de Educandos(as) do Projeto MOVA-Brasil, que reafirmou a importância da voz dos sujeitos envolvidos no processo de alfabetização. O tema central foi a Educação como Garantia dos Direitos Humanos.

O Encontro contou com a participação de 75 pessoas, entre educandos e representantes dos dez núcleos que compõem o polo nessa etapa.

1_marcondes_CEDe início, foi realizada uma atividade cultural das educandas do Quilombo Jandaiguaba, de Caucaia. Em seguida, foi composta a mesa de abertura, com a presença de: Iran Gomes, coordenador do polo; Francineuda Sombra, parceira local de Paracuru; Arlete Rocha secretária de educação de Paracuru; Ana Lucena, da coordenadoria de EJA de Palmácia; João Bosco, do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de Chorozinho; Rosângela Silvestre, representante dos coordenadores locais; Eleni Bezerra, ex-monitora; Mariana Galvão, da coordenação pedagógica nacional; e Marcondes Muniz, articulador social do estado.

Foi abordado o tema dos Direitos Humanos, com base nas discussões surgidas em sala de aula, na definição dos Temas Geradores e nas ações de mobilização e intervenção social.

3_educanda_2013_CERealizou-se a mesa dos educandos, com representantes dos dez núcleos e uma educanda que iniciou no MOVA-Brasil e atualmente cursa a 3ª etapa da EJA. Foi um momento muito significativo para todos os presentes, pois ficou evidente o processo de conscientização e transformação vivido pelos educandos do Projeto MOVA-Brasil. Eles revelaram terem descobertos a si próprios como sujeitos de direitos. Além disso, ficou claro que o êxito de suas reivindicações passa pela organização coletiva.

A educanda Maria Linelda, da turma do Cedro (Guaramiranga), afirmou que foi com a alfabetização que começou a conhecer seus direitos. “Eu realmente acredito que o nosso futuro a gente vai começar a fazer agora”, disse ela, como incentivo a todos os educandos para que continuem a estudar na EJA. “Não podemos parar agora”, afirmou.

4_enc_CEAntônio Gomes, educando do município de Paracuru, falou sobre como o tema (Direitos Humanos) se faz presente na sua experiência de alfabetização: “Eu vivi uma vida de muito preconceito. Primeiro por ser analfabeto; depois, porque sou umbandista e tenho um terreiro de umbanda na minha comunidade; e também porque vivo há 15 anos com uma pessoa do mesmo sexo”. Segundo ele, com o MOVA-Brasil passou a ser aceito na comunidade, pois a sala de aula tem pessoas de todas as religiões. “Na sala do MOVA convivem umbandistas, evangélicos e católicos. Todos aprenderam a se respeitar. As pessoas me cumprimentam na rua, porque nossa monitora, Adriana, trata desses assuntos com muito cuidado, muito carinho. Todos entenderam que é importante que as pessoas se respeitem, mesmo sendo diferentes”.

O educando Francisco Cláudio Alves Reis, da comunidade Capuan, de Caucaia, que é indígena, da etnia Tapeba, falou a todos os presentes sobre a experiência de ter representado os educandos do Polo Ceará no X Encontro Nacional da Rede MOVA, em Porto Alegre. “Para mim, foi um grande orgulho representar os educandos do polo. Acho que nós aprendemos a ser cidadãos brasileiros quando fomos alfabetizados, porque aprendemos a defender nossos direitos”. Sobre a continuidade na Educação de Adultos, Francisco afirma que é muito importante todos ali continuarem a estudar. Ao falar sobre a experiência no Encontro da Rede MOVA, afirmou: “Tem muita gente lutando pelos nossos direitos na educação, não só o pessoal que tá aqui, do polo, mas tem muita gente preocupada conosco”.

2_enco_CEApós o almoço, foram formados quatro grupos de trabalho, que trataram dos temas: Formação Profissional, Continuidade Pós-MOVA, Diversidades e Direitos Humanos, cujo objetivo foi a elaboração de propostas pelos educandos.

Na plenária final, os educandos demonstraram muita desenvoltura em apresentar as propostas dos grupos. Em geral, enfatizavam: o acesso a cursos de formação profissional voltados ao perfil educacional do educando do MOVA; o estabelecimento de parcerias com Secretarias de Educação para garantir a continuidade dos estudos na EJA; a garantia de estudos sobre machismo, homofobia, orientação afetivo-sexual, racismo e preconceito nas escolas; e o conhecimento da legislação brasileira sobre direitos humanos.

Ao final do Encontro, Iran se comprometeu, em nome do Mova-Brasil, a encaminhar as propostas elaboradas para as instâncias e órgãos competentes.




2 Comentários

  1. ana lucena diz:

    Foi uma honra participar desse evento, educação continuada não pode parar, educação não tem idade, é pra todos. O apoio que vamos dá aos nossos educando serão selados. Afinal todos tem sonhos, e, estamos aqui para realizar-los.

  2. Jeims Silva diz:

    Esse encontro foi muito importante no processo de formação dos meus educandos, pois a temática do encontro foi mais um complemento para que os mesmos se tornem cidadãos críticos e de opiniões.

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