Este relato consta um pouco do percurso de luta do povo cigano pelos seus direitos como sujeito em busca de sua cidadania, principalmente no que se refere à moradia para a comunidade cigana.
Segundo a monitora do Projeto MOVA-Brasil, Glaúbia Cristina, da turma de ciganos que moram em Apodi/RN, ao realizar a Leitura de Mundo a partir da história de vida dos educandos, os mesmos relataram momentos difíceis vividos pelo seu povo.
Para eles uma das questões mais difíceis é não ter onde morar, pois a maioria de suas famílias é excluída, enfrenta vários preconceitos e não conseguem nem emprego e nem trabalho justo por serem ciganos.
A maioria deste grupo de ciganos mora de aluguel e como não tem uma renda fixa, os donos das casas acabam por colocarem para fora deixando-os no olho da rua.
Durante o trabalho sobre as suas histórias de vida e seus direitos como qualquer outro sujeito, nasceu na turma a vontade e o desejo de poder lutar por dignidade para a sua classe. Neste sentido, a monitora propôs realizar uma mobilização para que os mesmos pudessem ir em busca dos seus direitos por moradia. Um dos momentos mais importantes foi quando toda a turma relatou o sonho de poder ter um local onde todos ficassem próximos e pudesse viver a sua cultura sem nenhum empecilho ou preconceito.
Após discussão com a turma, a monitora realizou o planejamento de como seria este percurso. O primeiro passo foi, junto com o líder dos ciganos, visitar a câmara municipal onde propuseram ao poder legislativo uma audiência pública com toda comunidade cigana.
A audiência pública aconteceu no dia 22 de maio com a presença dos vereadores e parte das famílias ciganas. Assim, foi assinado um requerimento pelos vereadores para que seja constituída uma associação de ciganos e elaborado um projeto para ser construída a vila cigana.
Agora, os ciganos estão sendo orientados por um contador para a criação da associação. Eles estão acompanhando o andamento do processo. O maior sonho, segundo elas e eles, é ver os seus filhos e netos não passarem o que eles passaram e passam até hoje.
0 Comentários