Polo Sergipe realiza III Encontro Estadual das(os) Educandas(os) em Aracaju

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O polo Sergipe realizou, dia 30 de outubro, no CEPE (Clube dos Empregados da Petrobras), o III Encontro Estadual das(os) Educandas(os) com a presença dos representantes de todas as turmas que compõem o Projeto MOVA-Brasil no Estado. Vieram pessoas de todas as regiões: Baixo e Médio São Francisco, Centro-Sul sergipano, grande Aracaju e Sul sergipano, dentre eles, representantes das(os) educandas(os) de duas turmas articuladas no Estado da Bahia.

Foi um momento de celebração das diferentes culturas, de valorização dos saberes e de escuta das expectativas dos sujeitos do MOVA-Brasil em relação à continuidade dos estudos na EJA, a participação cidadã e o controle social, a sustentabilidade socioambiental das comunidades e a formação profissional.

Enc_plenaria_encontro_educando02_2013O evento teve início com a composição da mesa de abertura, que contou com seis representantes das(os) educandas(os) dos núcleos que compõem o polo Sergipe, além de uma representante das(os) monitoras(es) e coordenação local. Tivemos ainda um representante dos parceiros locais, além do coordenador do polo, Anderson dos Santos, e da coordenadora pedagógica nacional, Mariana Galvão.

Enc_apresentacao_circulo_cultura03_2013A mesa de abertura teve início com a fala da coordenadora local Lilia Alves, do núcleo “Divino” (Sul Sergipano) que revelou sua experiência de superação das dificuldades enfrentadas como coordenadora de núcleo: “No começo, sinceramente, eu achava que não ia conseguir. Era tanta coisa nova: a metodologia, você ali com 15 monitores sob a sua responsabilidade, as visitas às turmas e todas as dificuldades possíveis, como por exemplo, a época das chuvas, que a gente não conseguia chegar até os povoados mais distantes. Eu pensei sim, em desistir”. Ela contou que as formações continuadas gerais e mensais com os/as demais coordenadores/as foram essenciais para o seu crescimento profissional. “Além das formações, que foram muito importantes para a gente aprender sobre a metodologia e trocar experiências, a equipe do polo sempre esteve muito aberta para acolher nossas angústias e dúvidas, que eram muitas”.

Lenice de Jesus Santos, monitora do núcleo Grande Aracaju (turma Barra dos Coqueiros) falou da sua experiência como monitora pela segunda vez no projeto MOVA-Brasil: “Já havia sido monitora em 2008, mas percebi que cada etapa a gente vive uma história diferente no MOVA. Dessa vez percebi que o MOVA é uma missão, pois quem faz parte desse projeto, nunca mais será o mesmo”.

Enc_apresentacao_circulo_de_cultura_30102013José Gerôncio Jordão, educando da monitora Flávia de Oliveira, do núcleo “Diversidade Cultural” (região do Baixo São Francisco) iniciou sua fala dizendo: “Paulo Freire nos reuniu aqui hoje. Estou muito satisfeito em ter vindo aqui hoje, e mais ainda por estar aqui na mesa representando minha turma de Santana do São Francisco”. Ele continuou dizendo sobre suas expectativas quando o projeto acabar: “Vim pela estrada lendo as placas: Capela, Laranjeiras… eu agora sei para onde eu quero ir, quero continuar na EJA”.

Alailson José da Conceição, educando representante do núcleo Centro-Sul Sergipano, da cidade de Lagarto, se disse muito grato pelo projeto estar na sua cidade, ajudando muitas pessoas a realizar o sonho de assinar o próprio nome. “Lá no Aldemar Carvalho já teve MOVA e já teve outros projetos também, mas as pessoas ainda precisam”.

Enc_educandos_circulo_sustentabilidade30102013Manoel Apolinário dos Santos, educando do núcleo “Semeando Sonhos”, do povoado Espinheiro, na cidade de Japoatã disse que já estudou em outros projetos de alfabetização. “O MOVA é diferente de todos os outros, a gente aprende mesmo, aprende mais, deve ser os cursos que a professora vai fazer em Salgado”. Ele disse ainda que gostaria que o MOVA-Brasil tivesse continuidade na sua comunidade: “tem gente que vai conseguir sair lendo e escrevendo, eu por exemplo, vou poder ir pra EJA, mas outros não, vão precisar de mais um ano para aprender”.

Jacqueline dos Santos, representante do núcleo Grande Aracaju (povoado Colônia Miranda), na cidade de São Cristovão representava o público jovem atendido pelo Projeto, pois aprendeu a ler no MOVA-Brasil, aos 18 anos. “Eu tinha vergonha de estudar, fingia que sabia ler. Mas minha monitora insistiu tanto que era importante eu ir e aprender de verdade que eu fui, e hoje já to aprendendo mais”.

Enc_educandos_apresentando-se_com_monitor_Fabio_Gravata_30102013Joseilton Batista Cruz, representando do núcleo Sul Sergipano, do povoado Alto Alegre, em Indiaroba, disse que diferente de muita gente, quando era pequeno o pai o incentivou a frequentar a escola. “Mas eu desisti porque no meu tempo a escola era distante, eu andava muito pra chegar lá e quando chegava, minha professora me batia, me fazia passar vergonha, me xingava. Eu fiz a 3ª série por três vezes. Era uma vergonha, porque eu já era grande e ficava no meio das crianças menores e a professora dizendo que eu era burro. Aí eu desisti. Falei para o meu pai que não queria ir mais para a escola. Meu pai aceitou, me deu uma enxada e disse que aquele seria meu lápis”. Conta ele que voltou a estudar 30 anos depois dessa primeira experiência escolar: “Voltei a estudar na escola do povoado, com o MOVA-Brasil. Um dia de aula no MOVA é como se fosse um ano todinho com a D. Eurides, minha antiga professora”.

Enc_plenaria_encontro_educando03_2013João de Souza representou o núcleo Vale do Saber, que compreende a região de Laranjeiras, foi ainda representante dos educandos com necessidades especiais (o educando é surdo). João esteva apresentado por sua monitora Rosileide Correia que buscou apresentar a trajetória de desenvolvimento de João e sua satisfação em participar do Projeto. João apresentou em uma folha de papel, o seu nome, o nome do projeto e da monitora que fez questão de sinalizar que fez de próprio punho.

Aparecido de Souza, parceiro local da cidade de Nossa Senhora do Socorro, contou que foi coordenador local na 1ª etapa do projeto em Sergipe, quando ainda o polo era ligado à Bahia. “Me lembro de fazermos as formações continuadas em Feira de Santana. Fico muito feliz que o MOVA-Brasil tenha crescido e se consolidado em Sergipe e mais ainda por estar fazendo parte disso”.

enconro de educando 017Após a mesa de abertura e o momento cultural do evento, após o almoço, foram realizados os Círculos de Cultura, momento em que os educandos/as debateram e elaboraram propostas para a sustentabilidade socioambiental, a continuidade dos estudos na EJA, o fortalecimento da participação e do controle social e a qualificação profissional. Ao final, cada grupo apresentou suas propostas e todos/as puderam perceber a qualidade das propostas construídas, que tratavam sobre o estímulo nas turmas o uso de tecnologias sociais que contribuem para produção, mas geram pequenos impactos ambientais; Discutir junto as SEED sobre a implantação da Metodologia Freiriana na EJA, e incentivo aos educandos a buscarem melhores condições de ensino nas escolas publicas; Oferta/promoção de cursos de qualificação de acordo com saberes e interesses dos educandos com certificação garantida e no horário noturno; Luta por EJA integrada a qualificação profissional, funcionando em escolas e nos povoados.

Após a socialização das propostas pelos grupos, os/as educandos/as tiveram novamente a palavra e puderam expor os impactos do MOVA na vida deles/as. O depoimento mais significativo, que certamente deixou a todos/as muito emocionados/as, foi o da educanda Elessandra Costa Macedo, da turma do bairro Libório, em Lagarto. Cadeirante, ela disse que nunca imaginou que conseguiria sair de casa para participar de um encontro como esse. “Quando eu soube que seria a representante da turma eu nem acreditei. Disse para minha mãe que entregaria para Deus, se desse tudo certo, era porque eu seria forte e conseguiria. E hoje estou muito feliz em estar aqui com vocês”.


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