Os(as) educandos(as) da turma do Projeto MOVA-Brasil que funciona na favela do Jacaré (município de Marechal Deodoro/AL) se organizaram para fundar uma associação a partir das discussões em torno do Tema Gerador “Cidadania”.
Desde o início da etapa, com as saídas a campo para realização da Leitura do Mundo na comunidade, os(as) educandos(as) têm debatido nas salas de aula sobre os principais problemas que afetam a comunidade, que está localizada às margens da rodovia AL 101 e sobrevivem sem as condições mínimas de dignidade. Nas casas não há banheiro, a coleta de lixo não abrange a comunidade e é muito comum a presença de jovens e adultos que não possuem nenhuma documentação.
A primeira mobilização articulada pela monitora Lenúcia Santos de Araújo junto com a coordenadora do núcleo Heliete Amorim foi a denúncia desse fato à Secretaria de Assistência Social, que promoveu uma ação voltada a essa finalidade: “Os moradores não recebiam nenhum tipo de auxílio porque não tinham documentos, não eram cadastrados no SUS, não recebiam o Bolsa-Família, as crianças e adolescentes nunca haviam frequentado a escola. O primeiro passo para se ter cidadania é ser alguém para o estado brasileiro” afirma a monitora. E, para “ser alguém” é necessário ter documento de identificação. É o que foi feito.
Atualmente, a partir dos debates em sala de aula em torno de temas como Economia Solidária, associativismo e cooperativismo, os(as) educandos(as) se organizaram e criaram uma associação comunitária, redigindo estatuto e encaminhando seu registro.
Tudo começou com o convite ao Secretário Municipal de Infraestrutura para visitar a sala de aula do MOVA-Brasil para informar os(as) interessados(as) sobre a construção do Residencial Recanto da Ilha. As obras para construção do conjunto habitacional que irá beneficiar toda a favela do Jacaré aconteceram porque a rodovia AL 101 será duplicada e com a presença da favela ali não teria como a obra ser realizada. Assim, com os investimentos do programa Minha Casa, Minha Vida teve início a construção de 250 casas destinadas a famílias que há décadas ocupam as margens direita e esquerda da rodovia.
Com a visita do representante da Seinfra (Secretaria Municipal de Infraestrutura), as educandas tiveram conhecimento que o conjunto habitacional não terá escolas e creches. Assim, sendo a maioria da turma composta de mulheres (há apenas um homem na turma), surgiram muitos questionamentos quanto à estrutura oferecida aos moradores, além das casas. Assim surgiu a Associação das Mulheres Moradoras do Residencial Recanto da Ilha (AMMORI), fundada em 01 de outubro de 2012.
Atualmente acontecem os seguintes desdobramentos dessa ação, de extrema importância para todos(as) os(as) moradores(as) da favela do Jacaré: reuniões para apreciação e aprovação do estatuto; definição sobre quem vai participar da diretoria; mobilização na comunidade para associar os moradores à entidade; registro do estatuto e agendamento de audiência com o prefeito.
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