Educandas e educandos

Quem são essas educandas e educandos do MOVA-Brasil nesta 5ª etapa 2013, em relação à cor/etnia, sexo, idade e tempo que freqüentaram a escola? O quadro a seguir procura responder a essas perguntas fornecendo um panorama das pessoas que hoje fazem parte e são a razão da existência do Projeto, que vem contribuindo para a construção de um País mais alegre e feliz, com mais oportunidades para essa gente que a cada tombo da vida, “reconhece a queda e não desanima: levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”.

Perfil das(os) Alfabetizandas(os) em porcentagem

De acordo com as informações do Sistema MOVA-Brasil 2013, e seguindo os atuais critérios de classificação de cor/etnia do IBGE, 61% dos educandos do Polo Alagoas se declararam pardos, 19,6% pretos, 16,3% brancos, 2,6% amarelos, 0,3% indígenas, e 0,2% não informaram cor/etnia.

A faixa etária predominante nas turmas do Polo Alagoas é entre 30 e 59 anos, com 67,9% do total. 22,7% tem entre 18 e 29 anos, 7% tem 60 anos ou mais, 2% dos educandos tem entre 15 e 17 anos e 0,3% não informaram. O público atendido pelo MOVA-Brasil em Alagoas é predominantemente feminino – 58,7%. O público masculino é de 41,3%. Quanto à escolaridade, 40,1% nunca frequentaram o ensino formal; 35,1% frequentaram até um ano e 24,7% frequentaram mais de um ano.

Perfil das(os) Alfabetizandas(os) em gráficos

Cor-etnia_Alagoas

 
Faixa-etaria_Alagoas

Sexo_Alagoas

escolaridade_Alagoas
Perfil-profissional_Alagoas
Bolsa-familia_Alagoas

Os Encontros Estaduais de Educandas e Educandos

O Projeto MOVA-Brasil realizou, em cada Polo, três Encontros Estaduais de Educandas e Educandos nos anos de 2011, 2012 e 2013. Esses eventos foram marcados pela participação politizada e emocionada das educandas e educandos, com reflexões, propostas e encaminhamentos sobre a EJA, a sustentabilidade e a formação profissional. A seguir, um pouco desses encontros no Polo Alagoas.

Primeiro Encontro

O I Encontro de Educandas e Educandos, acontece na cidade de Pilar, em 2 de setembro de 2011, sob o tema: A importância do acesso ao direito à educação na vida das pessoas. Participaram desse evento 90 pessoas, entre educandas e educandos, monitores e coordenadores, parceiros, autoridades municipais, estaduais, lideranças comunitárias e religiosas e pessoas da comunidade.

Uma das atividades propostas para o I Encontro foi promover uma seção de cinema seguida de debate a partir da exibição do vídeo Vida Maria, para problematizar e discutir a realidade de negação de direitos e o acesso à educação.

O debate foi revelando-se como Leitura do Mundo que identificou o local do contexto da “animação” como pertencente à zona rural, situada numa região do Semiárido nordestino. O fato de a personagem Maria estar aprendendo a escrever seu nome gerou depoimentos sobre histórias de vida das educandas e educandos presentes ao encontro.

“Os pais Maria eram ignorantes e não tiveram a chance de estudar”
Lê uma poesia, feita por ela mesma para mostrar sua satisfação em participar do Projeto.
Educanda Janete Rosa dos Santos – Pontal da Barra

“A educação é fundamental na vida de uma pessoa”.
Inicia discurso mostrando a relevância da educação na vida de uma pessoa e incentiva a continuidade aos estudos.
Educando Dailson Lira do Nascimento – Turma Wilma

“Eu vejo a educação como uma necessidade. Escutei de um professor que o analfabeto é um estrangeiro em seu próprio país. Eu entendo de sofrimento e persistência. Sou agricultora. Mudei minha vida toda. Estudei, me formei e optei pela vida no campo. Sou uma sem terra com terra. Uma das coisas que mudou a minha vida foi esse projeto. Vejo uma oportunidade de nos tornarmos críticos. O MOVA é totalmente diferente. Estávamos acostumados com o be-a-bá. De repente, você está diante de uma sala e a professora te dá liberdade para falar. A vida de Maria era aquele cercadinho. O tempo passou, mas a casa ficou do mesmo jeito. Não vejo culpados, nem ela, nem seus pais. É falta de oportunidades. Esse projeto nos dá oportunidade e liberdade de conviver com diferentes”.
Marilene Miguel – Município de Fleixeiras

“Não tive oportunidade de estudar quando era jovem, minha família era muito pobre. Hoje minha filha é minha professora e me incentiva muito. Às vezes, brinco com minha filha dizendo: hoje você é minha professora, amanhã posso ser dos seus filhos”.
Maria das Dores – Núcleo Sorriso

“Com 14 irmãos, trabalhar era mais importante que estudar. Por isso, estou indo a escola só agora.” Como agricultor, da Usina Terra Nova, complementa: “os engenheiros, pessoas formadas, vão aprender comigo. Hoje sei escrever meu nome e não quero mais parar”.
Cláudio – Município de Pilar – Educando do Núcleo Renascer

Nas diversas atividades do Projeto, o envolvimento, as reflexões e os depoimentos das educandas e educandos revelam um pouco do significado do MOVA-Brasil e do processo de aquisição da leitura e da escrita nas vida dessa gente que, contrariando os versos da canção, não apenas aguenta, mas vive dando respostas positivas às suas vidas marias transformando-as em VIDAS MARIAS!

Como se pode verificar nos depoimentos a seguir:

“No passado, sustentava a casa com as vendas das cocadas, mas hoje caiu muito a venda. É complemento do salário. Com as aulas, estou aprendendo a fazer melhor as contas e estou me desenvolvendo mais.”
Dona Cleuza Maria da Conceição, cocadeira de profissão que, aos 74 anos, busca aprender a ler e a escrever no Projeto MOVA-Brasil. Assídua em sala de aula, mora há 40 anos na comunidade de Massagueira de Baixo. Além da cocada, ela também faz: “brasileiras”, broas e suspiros, delícias da culinária local.

“Quando era chamada para participar das reuniões dos filhos na escola, não comparecia. Ficava me esquivando para não assinar o nome do filho, pois eu não sabia. Tudo que sabia era assinar o meu primeiro nome. Minha vida mudou depois de voltar a estudar no MOVA-Brasil. Eu aprendi a ser mãe, o nome do meu filho era tão pequeno, mas eu não sabia escrever ‘Artur’. Hoje, eu vou na escola, assino o nome dele, o meu. Leio os bilhetes que ele recebe, ajudo ele na lição de casa. Por isso, digo que o MOVA, além de me ensinar e escrever, me ensinou a ser mãe. Até o aproveitamento dele melhorou na escola. Por que agora eu participo, eu vou levar ele na escola, busco, antes eu tinha vergonha, não ia. Não sabia sequer ler um bilhete, agora estou lendo tudo. Já li todas as placas daqui do Auditório”.
Ana Paula da Conceição Silva, 27 anos
Hoje, a educanda faz parte de um grupo de produção de artesanato e culinária formado por mulheres de sua comunidade.

“Na última eleição em 2012, a mesária questionou minha assinatura, achava que eu sabia ler e escrever. Disse a ela, com muita confiança, que tinha voltado a tinha voltado a estudar”.
Eliane dos Santos – São Miguel dos Campos

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