Com o tema “Educação Popular, Cidadania e Direitos Humanos”, a equipe do Polo Alagoas realizou no dia 28 de novembro, o IV Encontro Estadual de Educandos(as), no auditório da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (SEADS), em Maceió, das 9 às 16 horas.
O Encontro teve início com a peça teatral “Nós mudemo”, elaborada e apresentada por monitores(as) do Núcleo Alecrim Dourado. A peça aborda a violência sofrida pelas pessoas do campo quando ingressam no sistema educacional tradicional.
Em seguida, foi composta a mesa 
de abertura que contou com a presença de Graça Prado (representante da Petrobras); Valéria Cavalcante (coordenadora do Fórum Alagoano de Educação de Jovens e Adultos); José Raildo da Silva (coordenador de Educação do Campo); Mariana Galvão (coordenadora pedagógica nacional); Adeilma Fonseca (coordenadora do Programa Brasil Alfabetizado); Maria José Mendes (coordenadora local), e a monitora Maria Cícera Ferreira.
Graça Prado enfatizou a importância do projeto no estado que carrega os piores índices de analfabetismo do país:
“Como parte de uma empresa que busca melhorias para o país através da área de responsabilidade social, o MOVA-Brasil tem feito grandes transformações por onde passa, trazendo melhorias para as pessoas, mas também para as comunidades”.
Valéria também ressaltou a importância social do MOVA-Brasil, “cujo compromisso não tem sido apenas alfabetizar, mas também possibilitar a continuidade dos estudos dos educandos na EJA. É muito importante essa perspectiva do MOVA-Brasil, que passa a ter um papel transitório junto aos educandos e as redes públicas de ensino”.
Para Raildo, “as pessoas que aqui estão presentes eram analfabetas na escrita, mas grandes mestres no conhecimento humano, popular. É importante um projeto que respeite esse saber, essa forma de ensinar com respeito pelo conhecimento do outro, que muitas vezes é desprezado no ensino escolar”.
Cícera, monitora do município de Coqueiro Seco, afirmou que aprendeu mais do que ensinou no MOVA-Brasil: “Esse projeto muda as nossas vidas e as vidas das pessoas que estão na sala de aula. Abri meus olhos para os nossos direitos, para os direitos da pessoa, mas também para os direitos coletivos. Hoje eu brigo por justiça social, pela vez e a voz dos nossos educandos e tenho apenas a agradecer a toda equipe pela oportunidade”.
Após a abertura, foi composta a mesa com representantes dos educandos dos 10 municípios onde o MOVA-Brasil está presente nesta etapa. Confira alguns depoimentos marcados pela emoção e pelas lições de vida dos educandos:
“Quando apareceu o primeiro MOVA-Brasil na comunidade eu não fui, mas depois eu fui e esqueci tudo. Mas agora eu tive tempo para estudar. Formei quatro filhos, não formei o quinto porque ele não quis. Mas agora eu garanto que quem vai se formar sou eu. E se Deus quiser eu vou estudar agora na EJA e peço que vocês continuem também.” (Maria Amália Firmino de Araújo)
“Agora eu também sou estudante. E eu só faltava os dias que eu não podia mesmo. Agora eu já sei ler umas coisinhas, como placa de ônibus, o meu nome. E agora quero fazer a EJA, mas quero igual ao MOVA.” (Estelita Maria de Souza)
“Eu sou muito grata ao MOVA. Fui criada com madrasta que tinha sete filhos. Não pude estudar. Tinha vergonha de não saber ler e coloquei meu filho na escola com três anos. Ai, as diretoras pediam para eu assinar, eu olhava pros lados e dizia: sei não. E graças a Deus onde mandar assinar agora, eu assino, e assino direito. Quero continuar estudando agora na EJA.” (Maria Severina Lourenço Atalaia)
“O que é participar do Projeto MOVA-Brasil? O Projeto MOVA-Brasil foi um Projeto de Deus, que falou no coração de Paulo Freire, que veio para restaurar os sonhos quebrados. Lá no Rio Grande do Sul vi os gestores defender os direitos dos educandos. A minha história de vida foi muito sofrida, igual a maioria daqui. E a partir de hoje essa farda vai ser uma peça no meu guarda roupa para lembrar a minha história. E eu vou fazer pós-graduação.” (Josefa Salvadora Silva)
Organizados nos Círculos de Cultura, com os temas: “A Educação de Jovens e Adultos como um Direito Humano”, “A EJA e o Mundo do Trabalho (Economia Solidária e Formação Profissional)”, “Cultura Popular na Educação de Jovens e Adultos”, os educandos construíram 19 propostas que foram socializadas e aprovadas na Plenária Final. Confira algumas propostas:
- Mobilização junto com a Secretaria de Educação e Cultura para propor uma educação de jovens e adultos com a cultura popular;
- Ampliação do processo de alfabetização do Projeto MOVA-Brasil, com durabilidade de dois anos;
- Organização da Feira de Economia Solidária;
- Merenda na escola;
- Melhorar articulação entre o projeto e o município para facilitar o acesso a sala de aula;
- Buscar parcerias permanentes para efetivação de cursos profissionalizantes dentro do Projeto MOVA-Brasil.
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