O primeiro encontro dos educandos do polo Bahia aconteceu entre os dias 17 a 19 de agosto de 2011 no município de Feira de Santana.
Os momentos com os educandos em sala iniciam-se com a dinâmica de acolhimento e integração dos participantes de Coqueiro Alto. Em seguida, a coordenadora de polo Luciene Carneiro realizou a dinâmica “Vestindo a Camisa”, na qual os educandos seguiram as suas orientações e construíram a partir da dobradura no papel ofício, o formato de uma camisa para posteriormente nela fazer um autorretrato, apresentação e exposição no varal.
É de fundamental importância salientar que alguns educandos, após a dinâmica, expressaram-se com as seguintes frases:
“Quando a gente não sabe ler a gente vai pra onde à pessoa quer, quando a gente sabe ler a gente pode fazer o que a gente quiser.”
“Eu não estudei porque meu avô não deixava. Estudar é bom, muito atraente. Se eu fosse mais nova eu ainda ia ser presidente.”
Após as falas dos educandos a coordenadora de polo Luciene Carneiro convidou a todos a ficarem atentos e assistir ao filme “Vida Maria”. Ao término do filme abriu-se o debate com as falas dos educandos, os quais puderam externar suas opiniões com as seguintes frases:
“Desisti da escola com 10 anos, mas agora eu vou aprender. Hoje eu estudo com a minha filha, porque é muito triste não saber ler, ter que ir ao mercado e não saber comprar as coisas, não saber pegar o dinheirinho.”
“Minha mãe não tinha condições financeiras de comprar a farda, material e eu queria trabalhar pra comprar as coisa. Eu dizia: vou trabalhar e depois eu estudo. E só agora eu tive a oportunidade de voltar a estudar. Quando a professora bateu na minha porta, eu disse pra mim mesma, eu não vou perder essa oportunidade. Hoje eu estudo com o meu marido. Ele era muito nervoso, ficava com a mente vazia, mas hoje é diferente. Todo dia tem coisa nova e quando não tem aula, a gente fica triste. A minha professora é muito dedicada, sempre quando a gente falta ela vai na casa procurar saber o motivo.”
“Cigano tem o costume de casar os filhos com 12 anos de idade. Meu pai não deixava estudar, porque dizia que eu ia aprender coisa errada. Tinha que casar virgem, não podia ver televisão, tinha que cuidar dos meus irmãos e da casa. Hoje tenho dois filhos e eu quero dar o melhor pra eles, eu não quero que eles sejam iguais a mim.”
“Esse projeto além da gente aprender ele é muito alegre. Eu sempre digo: tomara que chegue logo a noite pra gente ir pra aula. É uma terapia, estamos muito felizes. Tem muita dinâmica.”
Outro ponto de muita participação dos educandos foi no momento da confecção do cartaz, no qual eles deveriam construir um painel que retratasse a educação que todos desejavam.
Por fim, os educandos conheceram os diferentes itinerários educativos de Feira de Santana, como o intuito de contribuir com seu repertório cultural.
Ficou evidente que o I Encontro dos Educandos foi um momento único e que deve ser contemplado em todas as etapas do projeto, diante de todos os depoimentos citados ficou claro que nosso trabalho vale a pena.
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