Pela liberdade, pela democracia e pelos direitos humanos

Em 2014, “descomemoramos” o Golpe de 64, refletindo acerca dos 50 anos legados em nossa história recente. Recuperar a memória e a verdade deste período histórico é imprescindível, uma vez que os impactos e as heranças do golpe civil e militar ainda são visíveis na cultura política de nosso país, por meio das inúmeras violências sofridas pela classe trabalhadora e pelos militantes de esquerda; o extermínio da juventude negra nas periferias de São Paulo, do Rio de Janeiro e tantos outros locais, as manifestações de intolerância e preconceito em relação às mulheres, indígenas, negros, homossexuais etc.

Nós, brasileiros e brasileiras dos movimentos sociais e sindicais, manifestamos com veemência nossa discordância à convocação da Marcha da Família, prevista para o dia 22 de março de 2014, em São Paulo, no Rio de Janeiro e em outras 200 cidades, aproximadamente, pelo fato de representar um apoio à tortura, aos desaparecimentos e aos homicídios, de tantas famílias que tiveram seus direitos violados durante a ditadura civil e militar.

Este evento se apresenta como evocação à Marcha da Família com Deus Pela Liberdade, de 1964, em resposta ao comício da Central, do governo João Goulart, que acabou contribuindo efetivamente para a instauração do golpe civil e militar, em 31 de março de 1964.

Esse período da ditadura foi enfrentado corajosamente por vários sujeitos que lutavam (e lutam), em grande maioria, atrelados aos movimentos sociais e sindicais, contra o recrudescimento da censura, contra as torturas e perseguições, associados ao redimensionamento das estratégias de luta por uma sociedade democrática, justa e afirmadora dos direitos políticos, civis e sociais.

Assim, no dia 22 de março, queremos marchar em busca da liberdade, da igualdade de direitos, das verdades acerca dos assassinatos e extermínios que o Estado brasileiro vem cometendo nos últimos 50 anos – e na defesa de uma educação emancipadora, de um projeto popular de Educação em Direitos Humanos que assegure a concepção de homem/mulher como sujeitos históricos, que problematize a história das lutas sociais, afirme valores e princípios humanizadores (democracia de base, participação ativa, liberdade, dignidade e respeito à diferença como parte da vida social) e aponte, sobretudo, para a necessidade histórica da construção de um projeto de sociedade sem exploração e sem opressão.

ABAIXO A DITADURA E O CONSERVADORISMO!
Queremos uma pátria livre, para todas as pessoas que vivem cotidianamente sem direitos humanos!

Entidades que subscrevem:
Instituto Paulo Freire e Federação Única dos Petroleiros