Poesia, direitos humanos e história

“A construção de uma sociedade solidária depende de cada um de nós”, diz Thiago de Mello

“A construção de uma sociedade solidária depende de cada um de nós”, diz Thiago de Mello

Com a especial participação do poeta amazonense Thiago de Mello, a Formação Inicial do Projeto MOVA-Brasil é marcada pela emoção e pelo debate sobre os direitos humanos. Confira os detalhes e as fotos do 3º e 4º dias do encontro.

A Educação em Direitos Humanos na Educação de Jovens e Adultos (EJA) para a construção de novas estratégias de fortalecimento das ações do Projeto MOVA-Brasil. Este foi o tema central do 4º dia da Formação Inicial de 2014. O debate, na manhã da quinta-feira, 20 de março, contou com as participações especiais de Lutgardes Costa Freire (filho de Paulo Freire) e do poeta amazonense Thiago de Mello.

Vestida de branco, em homenagem ao poeta, Fran Pini (diretora pedagógica do Instituto Paulo Freire) e Lut, como carinhosamente é chamado no IPF, iniciaram a Formação com a leitura do poema Estatutos do Homem, de Thiago de Mello, escrito em sua época de exílio no Chile, em 1964:

Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.

(clique aqui para ler o poema)

Galeria de fotos

“A construção de uma sociedade solidária depende de cada um de nós”, diz Thiago de Mello

A escolha de Mello para a participação no encontro, explica Fran Pini, “é de grande relevância pela sua rara trajetória, que nos ensina, a partir da arte, a fazer nos rincões a Educação em Direitos Humanos”.

Quando pequeno, contou o poeta à plateia, “li e guardei uma frase de um livro que reli várias vezes: ‘os fatos encerram e entregam a verdade e a essência da vida de um povo’. Por isso, trarei fatos, sobre educação e direitos humanos, que falam por si”.

Qual o nosso papel?

Entre outros tópicos abordados, Mello apontou a questão ambiental. “O animal humano foi capaz de ferir sua própria casa, a Terra. Há 18 anos, meu primeiro termo sobre a Floresta Amazônica foi ‘preservar’. Uso, agora, ‘salvar’”, declarou.

Emocionando a plateia desde o início de sua fala, Mello fez questão de ressaltar que todos os presentes no encontro são “consultores da esperança, que está fraca”.

Para o poeta, o educador forma pessoas que vão construir o futuro. Diz ele: “quando uma parcela ponderável do povo se conscientiza, a primeira coisa que ela deseja é se organizar para mudar. E quando isto não ocorre, é porque este povo é indeciso. Nós precisamos mudar. Não pode nos faltar amor para mudar, pois, dentre as coisas maravilhosas do mundo, a melhor é o ser humano”.

Para finalizar a participação de Thiago de Mello, Lutgardes Costa Freire leu uma carta que Paulo Freire escreveu para Thiago de Mello durante o exílio, em Genebra, em 13 de janeiro de 1974. (Clique aqui para ler a íntegra da carta).

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Educação libertadora como foco do 3º dia de encontro

Na quarta-feira, dia 19 de março, os participantes debateram a educação libertadora. “O MOVA-Brasil é uma oportunidade de assegurar voz aos sujeitos”, afirmou Fran Pini ao apresentar o professor Moacir Gadotti, presidente de honra do IPF, que abordou os 50 anos do golpe na educação: reflexão sobre a política educacional de 1960 a 2014 e os impactos na Educação de Adultos.

Além de uma minuciosa palestra sobre a temática, Gadotti também reafirmou a importância do Projeto MOVA-Brasil: “O Brasil continua com 14 milhões de analfabetos e esta conta não fecha”. Sobre o Maranhão, estado que faz parte da etapa 2014 do MOVA-Brasil, o professor mostrou que 57,5% dos analfabetos do estado são idosos e moram na área rural, de acordo com dados recentes. “Não podemos trazer a oportunidade do letramento como pagamento de uma dívida do que não foi garantido na infância, pois a alfabetização é muito mais do que isto”, afirmou Gadotti. “Precisamos continuar avançando para obter novas conquistas”, declarou.

O encontro da quarta-feira, dia 19, também contou com Ney Strozake, do Setor Nacional de Direitos Humanos do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), que comentou o impacto da ditadura e da ação do MST na educação brasileira. “Nestes 30 anos do MST, temos investido fortemente na educação, com cursos de graduação em várias áreas, inclusive em direito. Hoje, há 62 turmas funcionando com recursos públicos, formando jovens”. Strozake também ressaltou a recente parceria do MST com o IPF, entidades promotoras da Campanha Promova Educação Popular com Direitos Humanos, que realizarão um curso em direitos humanos. “Espero que estes jovens, que participarão da formação, possam contribuir com o MOVA nos locais em que estamos atuando”.

Continue acompanhando a cobertura completa da Formação Inicial, que terminará na sexta-feira, 21 de março.