A identidade cultural maranhense marca o lançamento do livro dos 10 anos do Projeto MOVA-Brasil

Alegria e animação durante a apresentação cultural no Polo Maranhão

Alegria e animação durante a apresentação cultural no Polo Maranhão

O lançamento do livro MOVA-Brasil 10 anos: Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos, realizado na noite do dia 5 de junho no Polo Maranhão, festejou a importância do legado freiriano para a ressignificação da metodologia de alfabetização de jovens e adultos. O livro conta a história de uma década (2003-2013) de desenvolvimento do Projeto que vem contribuindo para a eliminação do analfabetismo em diversas regiões do País. Em 2014, o estado do Maranhão iniciou a sua participação no Projeto com o desejo de construir uma nova história, a partir de uma pedagogia do povo.

O evento ocorreu durante a 1ª Formação Geral de Monitores e Coordenadores Locais do polo. A abertura dos trabalhos contou com a mística Maranhão, meu tesouro, meu torrão, que simbolizou a rica e diversa identidade cultural maranhense. A atividade retratou a musicalidade, a dança, as riquezas e belezas naturais do estado, os artistas e poetas, e destacou, principalmente, que o Maranhão é terra de um povo que, apesar das dores, nunca cala sua voz e enfrenta os obstáculos como protagonista de luta contra a opressão.

Representante do MAB e parceiro local durante o lançamento

Representante do MAB e parceiro local durante o lançamento

A mesa de abertura contou com a presença de diversas autoridades e segmentos sociais que firmaram parceria com o Projeto, tais como: a secretária geral do Sindicato de Parnarama, Antônia da Silva Barros; o prefeito Davi Carvalho; o militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Evanilson Maia, entre outros.

Também participaram coordenadores de EJA dos municípios de Timon e Parnarama. A fala do representante da Secretaria de Educação de Parnarama reafirmou o compromisso firmado pelo prefeito em receber, nas escolas do município, os educandos alfabetizados no MOVA-Brasil – para que seja garantida a continuidade dos estudos.

Metodologia e impactos sociais

Após a exibição de um dos vídeos históricos do MOVA-Brasil, produzido em 2004, que retrata o formato de desenvolvimento do Projeto, sua metodologia e os impactos gerados na vida dos educandos, teve início o Círculo de Diálogo para a apresentação do livro, com a diretora pedagógica do Instituto Paulo Freire (IPF), Francisca Pini. Ela comentou sobre a organização da publicação que comemora os dez anos do Projeto. As 440 páginas estão divididas em três partes: concepção, desenvolvimento e perspectivas.

Círculo de Diálogo com Francisca Pini (de branco, em pé)

Círculo de Diálogo com Francisca Pini (de branco, em pé)

Francisca Pini ressaltou a importância da proposta metodológica freiriana, do trabalho que Paulo Freire desenvolveu em Angicos, em 1963 – e que se ampliou em Círculos de Cultura por todo o País até ser interrompido pelo golpe civil-militar, em 1964. Ela também destacou a continuidade do trabalho de Freire com a alfabetização, baseado na Educação Popular com a volta do exílio, por meio da Secretaria de Educação de São Paulo. Em 1989, o MOVA foi desenvolvido como política pública de governo, juntamente com uma rede de parcerias com diversas organizações e movimentos populares e sociais. Todos estes elementos embasaram a criação do Projeto MOVA-Brasil.

A importância das parcerias

Mara Cruz e Antonia Barros (parceira do Sindicato de Agricultores de Parnarama)

Mara Cruz e Antonia Barros (parceira do Sindicato de Agricultores de Parnarama)

Mara Cruz, representante da Federação Única dos Petroleiros (FUP), comentou sobre a relação de articulação com o Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) e a construção de projetos comuns entre o movimento sindical e social, tais como:

  • a consolidação de prática de “Sindicalismo Cidadão”, em que o sindicato passa a desenvolver ações de interesse da sociedade e não apenas da categoria sindical;
  • a atuação na Plataforma Operária e Camponesa, que discute o modelo energético do País.

“Não há dúvida do papel estratégico da educação na construção de uma sociedade mais justa”, afirmou Mara Cruz.

Processo formativo

A coordenadora pedagógica Claudilene Gonzaga enfatizou o processo formativo que perpassa desde o planejamento, até a execução e a avaliação de todas as etapas, numa perspectiva de gestão compartilhada entre as três dimensões do Projeto (política, pedagógica e administrativa). De acordo com Claudilene, “este trabalho coletivo é sempre feito a muitas mãos com os diversos sujeitos. Todos podem extrair muitos aprendizados, e assim, contribuir para a transformação de pessoas em cidadãos”.

O coordenador do Polo Maranhão, Jorge Freitas, ressaltou a importância da chegada do Projeto no estado e do desejo de que, além de cumprir com os seus objetivos e metas em 2014, o MOVA-Brasil possa permanecer no estado, talvez não por mais dez anos, mas o tempo que for necessário para livrar a população do analfabetismo.

No Maranhão, o Projeto está sendo desenvolvido na região da Bacia do Rio Parnarama. Para Jorge Freitas, a oportunidade do lançamento do livro que conta a história de uma década só reafirma que o MOVA se compara ao rio “pelo seu movimento intenso e renovação constante”.

Homenagem dos educadores à Claudilene Gonzaga

Homenagem dos educadores à Claudilene Gonzaga

Para finalizar o Círculo de Diálogo, os educadores e lideranças presentes fizeram perguntas e sublinharam a importância que o MOVA vem tendo nas suas vidas e comunidades. Na sequência, houve a entrega dos exemplares aos parceiros, com uma homenagem do polo à coordenadora nacional, que se emocionou ao receber um livro assinado por todos os educadores com uma dedicatória retratando a importância do trabalho cotidiano.

O encerramento foi marcado por grande alegria e animação com a apresentação cultural do grupo de Dança Tradicional da Comunidade Quilombola – Tambor de Crioula.

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