Combate ao analfabetismo no campo é tema do I Encontro Regional de Educandos

No dia 9 de setembro, ocorreu o I Encontro Regional de Educandos do Núcleo de Timon, na sede da Federação das Associações de Moradores e Conselhos Comunitários (FAMCC).

O evento contou com a participação de 25 educandos das 11 comunidades que compõem o núcleo, 12 monitores; um representante do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de Timon; presidente da associação da comunidade Caetetu; presidente da FAMCC; assistente administrativo, do coordenador de núcleo e militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB); e da equipe de coordenação do Polo Maranhão.

O encontro teve início com um círculo de cultura sobre a história de vida das educandas e educandos, com seus relatos sobre a sua infância e juventude no campo.

As falas dos(as) educandos(as) e parceiros do projeto traduzem a sua emoção e alegria por estarem participando, ambos veem o Projeto MOVA-Brasil como uma oportunidade de vivenciar um sonho e um direito que lhes foi tirado, o de aprender a ler e a escrever, assim como refletem o processo histórico de negação de direitos existentes no campo.

“A chegada do MOVA-Brasil na minha comunidade foi um presente de Deus. Eu nasci e me criei nesse povoado, tenho 57 anos e na nossa comunidade nunca teve nenhum projeto de alfabetização para os moradores, onde a maioria é analfabeta. Até hoje não temos escola aqui e por isso tive que sair cedo de casa para estudar (…) Virei professora no meio dos meus estudos. A nossa professora  só tinha até o segundo primário. Estudei, aprendia tudo o que a professora passava. Quando vi, já sabia o mesmo tanto da professora. Antigamente, professora trabalhava de graça. Professora não tinha salário! Não recebia nada! – Maria Amélia Camilo Compasso, 42 anos, parceira local do projeto e moradora da comunidade Caetetu.

“Antes de começar a estudar no MOVA-Brasil, eu era cego, era um algodão sem flor, hoje sei botar o meu nome e sei ler um pouco, hoje eu enxergo.” – Francisco José do Nascimento, 56 anos, turma Caetetu.

“Eu já sabia um pouco, mas tinha muita vontade de avançar mais. Tenho muitas amigas que não sabiam escrever o seu nome, e hoje já sabem. Quem não sabe ler depende dos outros pra tudo.” – Educanda Maria da Conceição Oliveira Santos, 48 anos, turma Sangradouro.

O Encontro foi mediado pelo coordenador de núcleo, Evanilson Maia, que encerrou afirmando:

“Ao longo dos anos, a educação tem sido um direito negado aos pobres. No campo isso é ainda mais frequente. Nos relatos de vocês aparece o que estou afirmando. Por muito tempo, fomos obrigados a escolher entre estudar e trabalhar, como se estar na escola não fosse um direito nosso. Ainda assim, depois que conseguíamos estudar não era fácil porque faltava escola, ou era distante ou não tinha todas as séries, só o primário.”


0 Comentários

Deixe o seu comentário!