Memória e talento marcam o Encontro Regional de Educandos de Parnarama

No dia 11 de setembro, foi realizado o Encontro Regional de Educandos do Núcleo Parnarama, às 8 horas da manhã no Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR).

Encontro regional de Educandos do Núcleo Parnarama_2

Encontro Regional de Educandos do Núcleo Parnarama

O evento contou com a presença de 60 pessoas, das quais foram 28 educandos(as); 13 monitores; um representante da câmara de vereadores de Parnarama; 3 representantes do STTR; coordenadora de núcleo, Maria Gonçalves; coordenador do núcleo de Timon e da equipe do polo.

O poema Elogio ao Aprendizado, de Bertold Brecht deu início às atividades. Em seguida, os(as) educandos(as) e demais participantes se apresentaram dizendo o seu nome, nome do seu monitor(a), a comunidade ou bairro a que pertence, e relataram um pouco sobre a sua vida escolar e como está sendo a sua experiência de alfabetizando(a) no Projeto MOVA-Brasil.

“O meu pai me levava pra escola, mas era só por algumas horas. Era assim: colégio e roça, colégio e roça, colégio e roça. Até que um dia eu me cansei e então, falei para o meu pai: ou colégio ou roça. Ai ele respondeu: então, vamos pra roça porque lá tem futuro.” – Educando José Pereira da Silva, 30 anos, Turma São francisco 2.

“Eu fui homem da enxada, da roça, de quebrar coco, e hoje me sinto honrado em participar do MOVA e ter aprendido a ler e a botar o meu nome. Tô reconstruindo a minha vida.” – Henrique Sobral Ribeiro, 60 anos, Turma Cajueiro.

“Minha mãe me colocou na escola quando eu era pequena. Eu estudava de tarde e ia quebrar coco de manhã na roça. Toda noite, quando chegava, tinha um saco de algodão esperando. Para ir a uma festa ou uma missa tinha que pisar arroz primeiro. E eu pensava: tenho que sair desse sofrimento. Foi quando fui trabalhar em casa de família.” – Ana Rita de Oliveira Silva, 34 anos, Turma Olho d’água do Nôga.

Encontro educandos Núcleo Parnarama_2

Encontro educandos Núcleo Parnarama

Os relatos acima revelam a profunda negação de direitos, vivenciados desde a infância pelos trabalhadores, sendo que, as mulheres foram duplamente afetadas, pois além da histórica exclusão escolar, quando se tinha escola, mesmo em péssimas condições, elas eram privadas do acesso pelos seus maridos ou pais, que diziam que a mulher queria aprender a escrever para mandar cartas para o namorado.

Um dos momentos especiais desse dia foi à apreciação de uma peça teatral feita por um educando e uma educanda, ambos idosos, que tratam desta temática: da negação do direito à educação para as mulheres. E para finalizar o evento, os(as) educandos(as) foram convidados a dançar ao som de Luiz Gonzaga.


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