Simão Dias/SE: 13 de maio com reconhecimento de comunidade quilombola

comunidade aguarda o início da solenidade com representantes da Secretaria de Estado de Direitos Humanos brincando o Samba de RodaNa manhã do dia 13 de maio, data em que se comemora a libertação dos escravos através da assinatura da Lei Áurea, moradores do povoado Sítio Alto, município de Simão Dias, receberam a visita de representantes da Secretaria de Estado de Direitos Humanos para dar encaminhamento ao processo de reconhecimento do Sítio como comunidade quilombola junto à Fundação Cultural Palmares.

Pedro Neto, da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, fala com a comunidade, ao lado da Secretária de Educação de Simão Dias, Cláudia Patrícia, Paulo Batista, monitor do Projeto MOVA-Brasil e Josefa dos Santos, d. Finha, liderança localPedro Neto, representante da Secretaria, que trata de assuntos da população negra, afirmou que essa data é representação da luta do povo negro contra a opressão sofrida com o processo da escravidão. “É uma dívida histórica que atualmente o estado brasileiro vem enfrentando. Estamos encaminhando muitos processos de reconhecimento de quilombos aqui em Sergipe, e isso é o início de uma política de reparação histórica”, disse ele.

Estiveram presentes também vereadores do município de Simão Dias e a Secretária de Educação do município, a historiadora Cláudia Patrícia, que em sua fala parabenizou as lideranças do Sítio Alto e todos os moradores ali presentes que, juntos, conseguiram encaminhar essa luta histórica pelo direito à terra. “Para mim, como historiadora e como cidadã simão-diense, é um orgulho participar desse momento. Fico muito emocionada e coloco a Secretaria de Educação à disposição para, juntos, fortalecermos esse movimento”. O município de Simão Dias já tem em seu Plano de Ação a implementação da Lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino de História da África e da Cultura Afro-Brasileira em todas as escolas do país.

A coordenadora pedagógica nacional do MOVA-Brasil, Mariana Galvão, o coordenador do polo, Anderson Santos e a coordenadora do núcleo Centro-Sul, Daniela Santos Silva estiveram presentes no evento. O ex-monitor Fernando de Jesus, atual liderança do Sítio Alto, faz questão de compartilhar o quanto cresceu e se descobriu líder do seu povo. “Antes do MOVA, eu não tinha ideia do que eu era capaz. Vivia aqui no Sítio Alto, mas não era envolvido com nada, não valorizava o meu povoado. Depois de dois anos no Projeto, descobri o meu potencial e o valor da minha comunidade, nos descobrimos quilombolas e hoje não deixarei essa luta até que ela seja vencida”.

D. Finha e moradoras do Sítio Alto posam com adereços utilizados pelos antigos escravos e ainda hoje presentes na cultura da regiãoOs próximos passos para o processo de reconhecimento do povoado como quilombo é a certificação emitida pela Fundação Cultural Palmares. Depois, o processo de elaboração do Relatório Técnico-Científico (RTC) por antropólogo do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) para a efetivação do título. “Sabemos que essa luta será longa, mas estamos fortes para levá-la até o final, pois sabemos que esse direito é nosso, descendentes de escravos das fazendas dessa região toda”, afirma Josefa de Jesus Santos, mais conhecida como Dona Finha, liderança da comunidade e mestre de Samba de Roda.


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