A VII Bienal Internacional do Livro de Alagoas, com o tema: “Palavras, sons, imagens: universos de sentidos”, realizada de 20 a 29 de novembro de 2015, no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, em Maceió (AL), celebrou a pluralidade dos sentidos artísticos, com a presença de diversos artistas nacionais e locais.
A participação de educandos do Projeto MOVA-Brasil, das turmas localizadas na capital alagoana, se deu na última quarta-feira, dia 25 de novembro, durante o círculo de diálogo: “Retratos do Projeto MOVA-Brasil: Educação Popular e Direitos Humanos”. A condução da atividade foi feita pela coordenadora do polo Alagoas, Elenice Peixoto Toledo, que contou também com a exibição de um vídeo com os depoimentos dos(as) educandos(as) do Projeto MOVA-Brasil nos dez polos em que atua. Participaram da mesa de diálogo o educando Ricardo Alves e a educanda Joana da Conceição dos Santos; a educadora Leila Quaresma; a diretora pedagógica do Instituto Paulo Freire, Francisca Pini, e Mara Cruz e José Genivaldo da Silva, da Federação Única dos Petroleiros (FUP).
Estiveram presentes aproximadamente 180 participantes dentre eles: estudantes do Projeto MOVA-Brasil, público local e outros convidados e representantes da (Petrobras/AL): Evanya Maria Maciel, coordenadora de comunicação, e Graça Prado, coordenadora Regional (Petrobras/AL).
A emoção dos(as) educandos
Os(as) 90 educandos(as) chegaram à Bienal, no dia 25 de novembro, e foram recebidos com lanche. No auditório onde aconteceu a atividade do MOVA-Brasil “foi visível a admiração de todos e todas pelo lugar e suas atrações”, contou Elenice.
O espaço foi cuidadosamente ambientando com os 27 princípios do Livro Pedagogia da Autonomia, escrito por Paulo Freire e fotografias das turmas de alfabetização do polo de Alagoas. “Este detalhe chamou a atenção de todos ao se verem”, contou Bethania, assistente pedagógica.
Durante o diálogo inicial foi impossível não se emocionar com a fala de Dona Joana, que disse: “sou marisqueira, minha vida foi na Lagoa Mundaú. Nunca tinha entrado numa sala de aula, hoje já sei fazer meu nome, ler a Bíblia, que era meu sonho. Ando sozinha nos ônibus e não pego mais transporte errado. Eu ficava perguntando: que ônibus é esse? As pessoas diziam ‘‘não está vendo?’. Ora, se eu não sabia ler? Outra coisa: não quero parar mais. Vou continuar estudando”, finalizou.
Já o educando Ricardo, emocionado falou: “Eu me sentia um cego, sem saber ler ou escrever, hoje estou enxergando. Estou vendo uma luz. Agradeço a minha professora por ter acreditado em mim”.
A educadora Leila Quaresma, encantada com a concepção metodológica freiriana, afirmou: “Mesmo com o conhecimento teórico que trazia [da Universidade], vi o quanto que aprendia cotidianamente com cada um deles. É a sala de aula que norteia minha prática pedagógica aliada ao saber teórico”.
Mara Cruz destacou que “estar numa sala de aula não é fácil, principalmente para a mulher, com tantas atribuições. Mas essa garra é muito comum em nós mulheres”. Incentivou a todos pela continuidade, cantarolando trecho do hino do MOVA: “Vamos ler o mundo, escrever o mundo, juntos fazer a nossa história acontecer”.
Em sua fala, José Genivaldo da Silva, destacou: “Esse contato com vocês nos fortalece, renova as energias para continuar lutando por esta causa. O Projeto MOVA-Brasil não ensina apenas a ler e escrever, ele deixa o ser humano mais político, na medida em que fortalece a autonomia. Quando ouvimos depoimentos assim, temos a certeza de que estamos no caminho certo”.
Francisca Pini destacou em sua fala a educação enquanto um direito humano. Enfatizou a importância da continuidade dos estudos e afirmou, que após ouvir tantos depoimentos de educandos e educandas fica evidenciado que o professor Paulo Freire, tinha razão “ao construir uma teoria do conhecimento que educa na relação com o outro, por isso, esta concepção de educação emancipa as pessoas”.
Ao término da atividade, os(as) educandos(as) puderam visitar a Bienal do Livro para conhecer melhor os sons, as palavras e os sentidos que ela desperta.