Na manhã de 7 de dezembro de 2015, os educandos do Acampamento João Pedro Teixeira e do Acampamento Garrote, juntamente com os moradores locais, reuniram-se na linha férrea da Estação de Trem da cidade de Engenheiro Navarro (MG) com o objetivo de parar o Trem da Ferrovia Centro Atlântica em protesto contra a mineradora Samarco Correia, responsável pelo maior acidente ambiental da história país, na cidade de Mariana, e reivindicar os seus direitos: conquista da terra e legalização dos acampamentos de sem-terra do Norte de Minas.
Cento e cinquenta famílias estiveram presentes e mais de 200 trabalhadores acamparam e ocuparam o território, montando assim, as suas barracas até que as suas indignações fossem ouvidas pelas autoridades competentes da União. “Não sairemos daqui, até conseguirmos marcar uma audiência em Brasília”, era a voz geral.
Uma equipe do MST dirigiu-se até a capital federal para serem ouvidos e atendidos nas suas reivindicações. A audiência foi marcada para o dia 9 de dezembro. Enquanto isso a manifestação seguiu pacífica.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) esteve presente durante a manifestação e foi solidária, dando o apoio aos trabalhadores. Uma palestra relacionada ao recente acidente ambiental na cidade de Mariana foi proferida pelos representantes da CPT e do MST. Outro destaque foi a visita solidária dos representantes do Sindeletro-MG, que encontravam-se em greve por melhorias nas condições de trabalho.
Em Brasília, os trabalhadores conseguiram, junto ao Incra, parte das reivindicações propostas. Foi confirmado em ata que o Incra irá regularizar a situação do Acampamento Eloy Ferreira. Outra audiência foi marcada em Belo Horizonte, quando o representante da União abrirá o processo para regularizar a situação do Acampamento Garrote que se arrasta há anos e também cadastrar as famílias do Acampamento João Pedro Teixeira. Depois do acordo firmado em Brasília, os trabalhadores acampados decidiram, no dia 10 de dezembro, finalizar a manifestação.
“Com a certeza de que se esse acordo não for cumprido, iremos nos posicionar novamente com manifestações em favor da Posse da Terra. Não mediremos esforços para conquistarmos o que é nosso de direito”. (Educando José Geraldo Tavares Santos, Turma Acampamento Garrote, Núcleo Serra Geral).
Vale destacar, que nesse período as aulas aconteceram no local da manifestação, possibilitando aos educandos do Projeto MOVA-Brasil e a monitora viver uma experiência diferente da sala de aula. Aprenderam novos saberes e principalmente que é preciso lutar para conquistar, que é preciso sair para conhecer e que é preciso conviver para crescer.