No Ceará, uma história de superação de preconceito

Nesta etapa, o MOVA-Brasil lançará um livro com as histórias de vida dos(as) educandos(as) do Projeto. Serão dezenas de relatos sobre o desamparo histórico no tocante, inclusive, ao acesso à educação, o que leva jovens e adultos a serem inseridos no processo de escolarização tardiamente.

No polo Ceará, no município de Paracuru, relatos sobre a importância do Projeto na superação do analfabetismo misturam-se com a voz de educandos que estão sendo incluídos na escola devido à sua opção sexual. Esses relatos reforçam o compromisso do Projeto com o respeito e a valorização às diferenças de gênero, raça ou orientação sexual, conforme relato a seguir.

“Meu nome é Antônio Heráclito de Sousa, tenho 34 anos. Quando eu era criança, meu pai sempre me acordava cedo pra ir trabalhar na roça. Tinha de trabalhar até mesmo doente. Meio dia ia pra casa para ir pra escola. Eu ainda estudei até a segunda série [ensino fundamental I], aí botei na minha cabeça que eu ia embora de casa. Eu cheguei a pedir pra minha mãe, mas ela não aceitou, ela queria que eu estudasse, mas era muito difícil, porque eu era muito pequeno para trabalhar e estudar. O meu corpo não suportava.

Aí eu fugi de casa com a ajuda de um amigo. Eu fui morar de favor nas casas. No começo, tudo bem, mas depois as pessoas ficou me humilhando, me chamando de sem teto, que eu era um pobre que não tinha nada, e jogou minhas coisas no meio da rua. (…) me pegou pelo braço e me botou pra fora de casa. Eu fiquei no meio da rua sem ter lugar pra ir, mas uma pessoa mandada por Deus me levou pra morar na casa dele, até hoje eu sou amigo dele.

Eu já fui agredido e espancado no meio da rua por três homens só porque sou gay. Peia [surra] pra três homens eu levei sozinho só por conta do maldito preconceito. Só não me mataram porque eu fingi que estava desmaiado.

Quando eu conheci o meu companheiro, eu fui morar com ele. Hoje ele é a minha vida! E eu sou muito feliz com ele, ele é o homem da minha vida! No começo foi muito preconceito, e até hoje as pessoas ainda olha pra gente com muito preconceito, mas já aceita e respeita nós dois juntos. Eu vivo há 14 anos com uma pessoa do mesmo sexo e sou muito feliz. 

Conheci o Projeto Mova-Brasil porque a professora Adriana me convidou para estudar. Eu e meu companheiro estuda, e pra mim foi muito bom voltar a estudar. Agora eu já consigo ler as coisas que eu gosto nas revistas e até já tenho um Facebook pra falar com meus amigos, e já escrevi esta carta contando a história da minha vida. Só eu e Deus sabe o tamanho da minha felicidade. As aulas é muito boa e a sopa que a minha professora faz pra merenda eu adoro! Minha professora é maravilhosa, ela é nota 10, indo e voltando. 

Este Projeto MOVA-Brasil é lindo ea minha professora nos ensina muitas coisas maravilhosa, que serve pra vida da gente. Eu venho pra aula de todo gosto, sem precisar minha professora tá chamando. Ela valoriza a gente como a gente é. Graças a Deus, na escola não tem essa coisa do preconceito com eu e o meu companheiro. O projeto Mova-Brasil respeita a gente independente da nossa opção sexual. Eu adoro este projeto Mova-Brasil que está ajudando a mudar a minha vida, e adoro minha professora, é claro!”


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